O brasileiro é, naturalmente, chegado a celebrações. Quando há música, dança e roupa especial, então, ele participa com tudo a que tem direito: ingressos para as festividades oficiais e investimento em viagens, aquisição de traje típico, consumo de alimentos e bebidas…
Por isso, não é exagero afirmar que as festas juninas são um evento de enorme potencial para os negócios. De acordo com o Ministério do Turismo, em 2023, as celebrações reuniram mais de 26,2 milhões de pessoas e arrecadaram cerca de R$ 6 bilhões pelo país. O montante é 76% maior do que o de 2022 – um crescimento exponencial também atrelado ao pós-pandemia.
Por questões culturais, as folias do Nordeste e do Norte têm um quê de especial. São dessas regiões as festas mais tradicionais e grandiosas. Campina Grande, na Paraíba, e Caruaru, em Pernambuco, reivindicam para si o título de “maior São João do mundo” (leia ao lado). Pudera: shows, quadrilhas e espaços para dançar forró ocupam semanas do calendário municipal e impactam não apenas quem atua diretamente nos locais que sediam o evento, mas as cidades como um todo e seus entornos.
O aquecimento do setor rodoviário nesse período dá a dimensão da folia. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati), Campina Grande, Caruaru, Mossoró (RN) e São Luís (MA), entre outros destinos, têm demanda de passagens mais do que dobrada no período junino, uma procura que vai além da época de Natal e Ano Novo.
A ClickBus, marketplace de venda de passagens rodoviárias, também identifica esse aquecimento. Segundo a empresa, o dia 21 de junho deste ano, por exemplo, deve ter demanda altíssima, por se tratar da última sexta-feira anterior ao São João. A procura pelos principais destinos juninos começa a crescer a partir da segunda quinzena de maio. Em 2023, o aumento na busca de tíquetes para Caruaru e Mossoró foi de 229% e 201%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano anterior.
Ano a ano, as festas juninas procuram ampliar seu leque de entretenimento para atrair mais público, gerar postos de trabalho e aquecer o mercado local. O São João de Campina Grande, por exemplo, vai oferecer 1,5 mil atrações e mais de mil horas de show neste ano. “A expectativa é ter um aumento de 20% no número de visitantes e na movimentação financeira em relação ao ano passado, quando a festa recebeu 2,7 milhões de visitantes e mais de R$ 500 milhões injetados na economia”, informa o prefeito, Bruno Cunha Lima.
Empreendedores diferentes segmentos – e que não necessariamente atuam nesses grandes eventos – também encontram no período a chance de focar em produtos e serviços voltados às festas juninas para incrementar a renda.
Para Enio Pinto, gerente de Relacionamento com o Cliente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), essas datas festivas e que abrem espaço para promoções são muito importantes para o sucesso dos pequenos empreendimentos. “É possível até recuperar uma situação de déficit de um semestre inteiro”, diz.
Ele aponta algumas boas práticas para tirar melhor proveito do período junino: “Capacite seu time de atendimento; faça uma boa negociação com fornecedores; tente montar combos; fixe uma comissão extraordinária para a equipe de vendas; prepare os ambientes digitais para vender; invista em tecnologia e inovação e fique atento à concorrência”.

1- São João de Caruaru (PE)
Data: 19/4 a 29/6
Público em 2023: 3,6 milhões de pessoas
Quanto movimentou a economia local em 2023: R$ 620 milhões
2- São João de Campina Grande (PB)
Data: 29/5 a 30/6
Público em 2023: 2,7 milhões de pessoas
Quanto movimentou a economia local em 2023: R$ 500 milhões
3- Mossoró Cidade Junina (RN)
Data: 1º a 29/6
Público em 2023: 1 milhão de pessoas
Quanto movimentou a economia local em 2023: R$ 291,8 milhões
4- Forró do Caju, Aracaju (SE)
Data: 22/6 a 29/7
Público em 2023: cerca de 560 mil pessoas
Quanto movimentou a economia local em 2023: não informado
5- São João de Patos, Patos (PB)
Data: 19 a 23/6
Público em 2023: 450 mil pessoas
Arrecadação em 2023: R$ 15 milhões
Fonte: PEGN