A gestora americana GQG Partners, que tem cerca de US$ 11 bilhões alocados em ações no Brasil e é uma das maiores acionistas da Petrobras, acredita que o investidor doméstico tem subestimado o compromisso dos políticos locais com uma agenda pró-mercado. Se historicamente o mercado avalia os governantes brasileiros (especialmente a esquerda) como menos liberais que os de países desenvolvidos, a gestora tem nutrido um olhar mais otimista — e vê críticas exageradas à estatal de petróleo.
“O Brasil é um dos mercados mais subapreciados do mundo e uma das razões para isso é a visão crítica dos investidores locais sobre o governo. Mas a nossa visão é que eles estão subestimando o quão pró-mercado o governo tem sido em comparação com os principais mercados globais como Estados Unidos e Europa”, disse ao Pipeline o analista Siddharth Jain, filho do fundador da gestora, o bilionário indiano Rajiv Jain, ex-CIO da Vontobel Asset Management.
Jain deu como exemplo que estados do Brasil têm privatizado empresas ligadas a serviços públicos, como as de energia e saneamento, enquanto a Europa está indo no caminho contrário. “Na França, o governo francês está assumindo o controle da empresa de energia EDF e, no Reino Unido, estão discutindo nacionalizar a empresa de saneamento”, compara, em referência à empresa Thames Water.
A gestora, que tem US$ 110 bilhões sob gestão e participou das ofertas de privatização da Eletrobras em 2022 e da Copel neste ano, está avaliando entrar na oferta de ações da Sabesp, que deve ocorrer no ano que vem e movimentar mais de R$ 10 bilhões, com o governo do estado de São Paulo deixando de ser controlador da companhia.
Fonte: Pipeline