O início do ano é marcado pela revisão de projeções de analistas e economistas de mercado, atentos sobre como medidas anunciadas e indicadores externos podem influenciar questões econômicas brasileiras. Entre os principais desafios para 2024, estão continuar o processo de desinflação diante do ciclo de cortes nas taxas de juros, manter uma certa resiliência da economia, monitorar as oscilações cambiais, assim como a continuidade de riscos fiscais.
PIB pode desacelerar
O crescimento da economia brasileira tende a ser menor em 2024 na comparação com 2023. Para o banco Itaú (BVMF:ITUB4), que tratou do tema em relatório, isso ocorre devido a estímulos fiscais menores e contribuição menor do setor agro. A Guide Investimentos avalia em documento, por sua vez, que o El Niño pode levar a um impacto negativo na produção, e expectativa de menor crescimento global também tende a influenciar o indicador.
Os riscos para a desinflação
O processo de desinflação segue em curso no Brasil, favorecido pela perda de fôlego da atividade. Para o Itaú, a dinâmica é benigna, com preços de grãos em patamares baixos diante de boa uma safra mundial. No entanto, o banco pondera que entre os principais riscos altistas está o fenômeno climático El Niño, enquanto a Guide indica como possível fator baixista a possibilidade de uma desaceleração maior da economia mundial.
Ciclo de cortes na Selic
A taxa de juros básica da economia brasileira, a Selic, ainda deve sofrer cortes nos próximos meses. No entanto, ainda que fique próxima de um dígito, ela segue em território contracionista, aponta o Itaú, que avalia que o desafio fiscal deve ser levado em consideração para que o indicador possa convergir à meta. O mercado deve estar atento ao tamanho do déficit fiscal e qualquer mudança na meta pode gerar ruídos, no entendimento da Guide.
Dólar forte no cenário global
Com o dólar fechando o ano passado abaixo de R$5, o bom desempenho poderia ser explicado pela melhoria no risco-país e elevação do rating da S&P, além da dinâmica positiva da balança comercial, segundo o banco Itaú. O banco pondera, no entanto, que o cenário é de dólar forte a nível internacional neste ano, com diminuição no diferencial de juros. “Além da maior probabilidade de um El Niño, esperamos um resultado mais fraco para a balança comercial e, consequentemente, um déficit maior em conta corrente, o que deve contribuir para um real mais depreciado”, completa a Guide.
Situação fiscal ainda difícil
A situação das contas públicas brasileiras segue no radar dos investidores, com medidas econômicas que buscam viabilizar a meta de zerar o déficit fiscal ainda neste ano. Na opinião do Itaú, o resultado fiscal apresentou piora significativa em 2023 devido a “aumento de gastos, regularização de precatórios e menos receitas extras”. O Itaú projeta déficit de 0,8% PIB em 2024, mas pondera que um possível contingenciamento “pode compensar frustração de medidas de arrecadação”.
Fonte: Investing