O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o indicador oficial de inflação no país, alcançou uma taxa de 0,38% no mês de abril. Esse valor ficou acima do registrado no mês anterior (0,16%). Segundo os dados divulgados hoje (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o aumento no ritmo do IPCA foi impulsionado principalmente pelo aumento nos preços dos alimentos e dos medicamentos.
No entanto, em termos anuais, houve uma queda na inflação. Em abril de 2023, a taxa havia sido de 0,61%. No último ano, a inflação ficou em 3,69%, comparativamente aos 3,93% dos doze meses anteriores. Esta variação do índice de preços é a menor registrada para o mês em três anos. Apesar dessa aceleração, a taxa é a mais baixa para o mês desde o aumento de 0,31% apresentado em 2021. No mesmo período do ano passado, a alta foi de 0,61%.
Os alimentos e os custos relacionados à saúde e cuidados pessoais foram os principais impulsionadores da inflação em abril. O conjunto de despesas com alimentação e bebidas viu um aumento de preços de 0,7% no mês, impulsionado por produtos como mamão (22,76%), cebola (15,63%), tomate (14,09%), e café moído (3,08%).
No grupo de Saúde e Cuidados Pessoais, que registrou um aumento de preços de 1,16%, os itens mais destacados foram os produtos farmacêuticos, com um aumento de 2,84%. Este fator foi influenciado pela autorização de reajuste de até 4,5% nos preços dos medicamentos a partir de 31 de março. Entre os medicamentos que mais aumentaram de preço estão os antidiabéticos (4,19%), os anti-infecciosos e antibióticos (3,49%) e os hipotensores e hipocolesterolêmicos (3,34%). Por outro lado, os artigos de residência e habitação apresentaram deflação no mês, com queda de preços de 0,26% e 0,01%, respectivamente.
Passagens aéreas viram seus preços diminuírem, enquanto os combustíveis ficaram mais caros. O aumento de 0,14% no grupo de transportes foi contido após a queda de 12,09% nos bilhetes aéreos. Em contrapartida, os preços do etanol (com aumento de 4,56%), da gasolina (com alta de 1,5%) e do óleo diesel (com incremento de 0,32%) registraram elevações.
O IPCA teve um aumento um pouco superior à expectativa do mercado financeiro, que era de 0,34%. No entanto, os analistas consideram que essa variação não traz grandes novidades. Prevê-se que nos próximos meses a alta nos preços dos alimentos continue persistindo.
Os dados elevados da inflação vem logo depois da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), onde os diretores resolveram desacelerar o ritmo de cortes na taxa Selic, que agora é de 10,50% ao ano. A decisão de diminuir a taxa apenas 0,25 ponto percentual quebra a sequência de cortes de 0,50 p.p., que ocorria desde agosto de 2023.
No comunicado referente à decisão dividida, os diretores do Copom identificaram fatores de risco para a inflação e observam uma maior persistência das pressões inflacionárias globais, que estão sujeitas a impactos sobre a desinflação mais intensos do que o previsto. O resultado do IPCA pode indicar uma abertura para acelerar o ritmo de cortes de juros. Após uma decisão dividida, com o apoio de cinco dos nove diretores do Copom (Comitê de Política Monetária), há uma percepção de que os cortes na taxa Selic podem se tornar mais intensos.