O governo da Arábia Saudita indicou que pode investir US$ 10 bilhões em projetos de infraestrutura ligados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e energia limpa no Brasil, sendo US$ 9 bilhões nos próximos sete anos. A sinalização foi dada pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a viagem dele ao país.
Além dos investimentos no PAC e ações de energia limpa, a Arábia Saudita fechou acordos de cooperação com a Embraer nas áreas de aviação civil, defesa e segurança e mobilidade aérea urbana.
Lula e bin Salman tiveram duas reuniões ao longo da terça (28), sendo uma com alguns dos ministros brasileiros e homólogos sauditas e outra reservada. E uma Mesa Redonda empresarial foi realizada nesta quarta (29), em que Lula mencionou a ampliação das relações comerciais entre os dois países.
“Não é apenas saber quanto que os fundos da Arábia Saudita podem investir no Brasil, mas é saber também quanto que os empresários brasileiros podem investir na Arábia Saudita. É essa troca e esse novo jeito de fazer política externa que pode mudar um pouco a face do comércio mundial”, disse Lula no encerramento do evento.
O presidente brasileiro destacou a reaproximação do Brasil com os países árabes e ressaltou o potencial na transição energética e nas ações de combate à crise climática.
O petista também antecipou a bin Salman que o Brasil apresentará avanços no controle do desmatamento e iniciativas voltadas à preservação das florestas tropicais na COP-28, em Dubai.
A Arábia Saudita, por sua vez, expressou objetivos ambiciosos de sustentabilidade, incluindo a produção de 90 GW de energia limpa até 2030, dentro e fora do país. Nesse contexto, ele indicou que o Brasil se destaca como um dos destinos mais promissores para investimentos em energias renováveis do país, como o hidrogênio verde.
Os líderes vislumbram um aumento expressivo no volume das transações comerciais entre os dois países, projetando atingir a marca de US$ 20 bilhões até 2030, superando os atuais US$ 8 bilhões. O país árabe é um grande exportador de hidrocarbonetos, enquanto que o Brasil envia principalmente alimentos.
Outro ponto estratégico discutido foi a criação de um Conselho bilateral em nível ministerial, destinado a fortalecer as relações econômicas e políticas entre os dois países.
Acordos com a Embraer
Como resultado da missão presidencial à Arábia Saudita, a Embraer assinou três acordos de cooperação com o governo e empresas sauditas, abrangendo as áreas de aviação civil, defesa e segurança, além de mobilidade aérea urbana. Esses acordos ampliam as oportunidades de investimento e parcerias com a indústria local e impulsionam as exportações brasileiras.
Os acordos incluem um Memorando de Entendimento com o Governo Saudita (Ministério de Investimento e GACA – Autoridade Aeronáutica Saudita), outro com a SAMI (empresa saudita de Defesa) e um terceiro referente à EVE, veículo aéreo elétrico, em colaboração com a FlyNas, para operações de táxi aéreo no país árabe.
A internacionalização do Brasil também foi tema de discussão, com o príncipe Salman enfatizando a importância estratégica da presidência brasileira no G-20, que se inicia em dezembro. Além disso, ele mencionou a entrada da Arábia Saudita no Brics, destacando o interesse em participar ativamente do banco do bloco, o NDB.
Lula também convidou bin Salman para visitar o Brasil, principalmente a Amazônia. O príncipe herdeiro elogiou a reputação pacífica do Brasil e a valorização das manifestações culturais brasileiras em seu país.
Fonte: Gazeta do Povo