A expansão da MAG Investimentos nos últimos anos, gestora criada pela joint venture entre Mongeral e Aegon, animou os sócios locais e o internacional a entrarem no jogo de consolidação. Com quase R$ 15 bilhões sob gestão, a firma já incorporou dois fundos ao portfólio, com seus respectivos gestores: o Cash, veículo de renda fixa de Sergio Machado, em junho passado, e o fundo e ações Somma Brasil, de Mauricio Gallego, em março deste ano. Agora, negocia mais três.
“São mais dois fundos de ações e um multimercado”, conta Fernando Gabriades, sócio diretor da MAG Investimentos, ao Pipeline. “Na atual situação de mercado, muitas empresas têm nos procurado para uma associação e, desde que tivemos aval do nosso conselho para aquisições, esse tem sido um caminho para crescer em renda variável.”
A situação de mercado a que Gabriades se refere é um volume relevante de resgates na indústria de fundos e uma rentabilidade pressionada, à medida que o investidor migrou para renda fixa. Mesmo com o início de queda de juros esse movimento ainda não se inverteu: somente em março, por exemplo, dado mais recente da Anbima, os multimercados tiveram saída líquida de R$ 7,1 bilhões e os fundos de ações somaram resgate líquido de R$ 831 milhões, enquanto os fundos de renda fixa captaram R$ 17 bilhões.
“Há gestoras que estão no breakeven mas não conseguem crescer mais e outras em que a perda de patrimônio líquido tornou difícil arcar com os custos fixos”, diz o executivo. Como a maior parte da gestão ainda é renda fixa e a firma ganhou escala, a MAG conseguiu driblar o sangue na água da indústria. No trimestre, a captação líquida é positiva em cerca de R$ 2 bilhões.
Para M&A, o interesse da MAG está voltado a operações numa faixa entre R$ 300 milhões e R$ 600 milhões. Não há um orçamento fixo para aquisições, que são analisadas caso a caso pelo board.
Quando Gabriades deixou a cadeira de chefe de vendas na SulAmérica Investimentos para se tornar sócio-executivo da MAG, há três anos e meio, a gestora tinha R$ 6,2 bilhões em AUM. O sócio Cláudio Pires, diretor de investimentos, já vinha tocando a carteira há 10 anos e segue no comando da estratégia. O salto no período se deve ao reforço comercial, com distribuição dos produtos da casa em plataformas como XP Investimento, BTG Pactual Digital, Safra e Itaú, e maior atração de fundos de pensão, family offices e regimes próprios (RPPS).
Neste último grupo, a gestora está formando uma equipe dedicada, com a estimativa de passar dos atuais R$ 350 milhões geridos de RPPS para R$ 1 bilhão até o final do ano. Já no fundo Cash, de Machado, a potencialização da distribuição teve efeito: o veículo passou de R$ 350 milhões a R$ 1 bilhão em menos de um ano e a família Cash aumentou, com fundo de previdência.
As duas seguradoras que controlam a MAG fizeram a joint venture em 2008 e a Mongeral não atuava em investimentos. Como a Aegon já tinha esse braço lá fora, quis implementar também no Brasil, criando a asset em 2013, primeiro gerindo as reservas técnicas da seguradora local e partindo para estruturação de veículos para investimentos de terceiros.
Na primeira conferência realizada pela Aegon com distribuidores e sócios, que aconteceu em Miami na última semana, a companhia deu peso relevante à participação dos países latino-americanos. “É uma região promissora para o grupo”, afirma Mark Johnson, chefe de estratégias globais da Aegon Asset Management. “A Aegon está apostando muito no crescimento na América Latina e na Ásia. O negócio segue crescendo nos Estados Unidos e Europa mas, como são mercados mais maduros, a um ritmo menor”, emenda Gabriades.
A MAG distribui no Brasil produtos globais da Aegon (já trabalha com quatro estratégias no Brasil: Global Bonds, Income, Global Sustanaible e Diversifying, e está trazendo o High Yield da gestora holandesa no segundo semestre), mas a maior representatividade é dos produtos locais. “Dos R$ 14,5 bilhões que temos hoje, R$ 350 milhões são offshore. Ainda é pequeno devido à taxa de juros local mas, assim como na renda variável, a gestora fica bem posicionada para quando vier uma nova dinâmica no mercado, com busca de rentabilidade em portfólio mais diversificados”, diz.
A MAG faz ainda gestão de fundos de previdência para outras seguradoras, com um fundo do BTG e um fundo da XP. Globalmente, a Aegon Asset Management gere 337 bilhões de euros (equivalente a R$ 1,2 trilhão).
Fonte: Pipeline