O governo revisou suas projeções econômicas, reduzindo a previsão de crescimento da economia em 2023 de 3,2% para 3% e ajustando a expectativa para 2024 de 2,3% para 2,2%. As informações foram divulgadas no Boletim Macrofiscal, apresentado nesta terça-feira (21) pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda.
Comparado ao boletim anterior, divulgado em setembro, a Fazenda destacou que a menor previsão para este ano reflete a revisão para baixo na expectativa de crescimento no terceiro trimestre de 2023, passando de 0,1% para 0,0%. Além disso, são apresentadas projeções menos otimistas para o setor de serviços ao longo do restante do ano.
Apesar das projeções reduzidas, o Ministério da Fazenda ressaltou que ainda há perspectiva de aceleração no ritmo da atividade no quarto trimestre. Esse impulso é atribuído ao crescimento de alguns subsetores menos sensíveis ao ciclo econômico, juntamente com a resiliência do consumo das famílias. Essa resiliência é explicada pelo aumento da massa de renda real do trabalho e pelas melhores condições no mercado de crédito.
A equipe econômica do governo enfatizou que, desde a última divulgação do Boletim, vários fatores aumentaram as incertezas no cenário internacional. Destacam-se o aumento das tensões geopolíticas devido aos conflitos no Oriente Médio, a intensificação da crise no setor imobiliário chinês e a volatilidade nos juros de títulos de maior prazo do Tesouro americano. A crescente aversão ao risco resultante desse ambiente mais incerto tem fortalecido o dólar em relação a outras moedas e aumentado a volatilidade nos mercados de renda fixa.
Inflação
A projeção para a variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) também sofreu alterações, passando de 4,85% para 4,66% em 2023 e subindo de 3,40% para 3,55% em 2024.
O Ministério justificou essa redução, indicando que o processo de desinflação ocorreu de forma mais acelerada do que inicialmente previsto, especialmente nos componentes subjacentes, levando a inflação a se situar dentro do intervalo estabelecido pelo regime de metas já em 2023.
Quanto ao aumento de 0,15 ponto percentual na projeção para 2024, foi impulsionado pelo reajuste do ICMS anunciado pelos estados, além de mudanças pontuais no cenário relacionado ao câmbio e aos preços das commodities. O documento também destaca que essa previsão já incorpora os efeitos do El Niño nos preços de alimentação, energia e etanol, enquanto as estimativas para o IGP-DI e INPC em 2023 foram revisadas para baixo.