Em ata divulgada na terça-feira referente à última reunião, O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central expressou preocupação com as expectativas de inflação excedendo a meta. Diante de um contexto macroeconômico mais desafiador do que o antecipado, não planeja reduzir ainda mais a taxa Selic. Os membros do comitê acreditam que as decisões futuras sobre a taxa dependerão do compromisso firme em conduzir os juros de volta à meta.
A ata indicou que o comitê, de forma unânime, considera que a incerteza no cenário global e a resiliência na atividade doméstica, juntamente com expectativas de inflação fora do controle, requerem uma abordagem mais cautelosa. O Banco Central acrescenta que a atual conjuntura, marcada por um processo desinflacionário mais lento, uma perspectiva dos juros instáveis e desafios no cenário global, exige uma condução da política monetária com serenidade e moderação.
O último Relatório de Inflação do BC, em março, sugeriu que as projeções para os juros apontam para uma desaceleração mais gradual em 2024, devido ao aumento nos preços de alimentos e combustíveis. O BC manteve a previsão de que o IPCA encerrará 2024 em 3,5% no cenário base, mas essa estimativa pode ser ajustada na próxima edição do relatório, prevista para ser divulgada no final de junho.
O Banco Central listou alguns dos possíveis motivos para a recente instabilidade nas expectativas de inflação, incluindo a deterioração do cenário global, os anúncios recentes sobre política fiscal e a percepção dos agentes econômicos em relação ao compromisso de longo prazo da autoridade monetária com o cumprimento da meta inflacionária.
Na ata, é mencionado que o comitê considera que a diminuição das expectativas demanda uma atuação decidida por parte da autoridade monetária, juntamente com o contínuo reforço da credibilidade e reputação das instituições, além dos arcabouços fiscal e monetário que constituem a política econômica do Brasil.
O Copom reconheceu que o mercado de trabalho e a atividade econômica no Brasil mostraram uma dinâmica mais robusta do que o previsto no primeiro trimestre de 2024. Esse crescimento, liderado principalmente pelo setor de serviços, influenciou a decisão de reduzir a taxa Selic, mesmo que em um ritmo mais moderado. O BC afirmou que, além de garantir a estabilidade de preços, a decisão também visa a atenuar as variações no nível de atividade econômica e promover o pleno emprego.
O Copom enfatizou que a desaceleração nos esforços de reformas estruturais e na disciplina fiscal, juntamente com o aumento do crédito direcionado e as incertezas em torno da estabilização da dívida pública, podem elevar a taxa de juros neutra da economia. Este fator poderia ter efeitos negativos sobre a eficácia da política monetária e, consequentemente, aumentar o custo em termos de atividade para reduzir os juros.
A política fiscal, que visa equilibrar as contas públicas do país, também influencia as expectativas de inflação. O Banco Central reiterou que uma política fiscal confiável e comprometida com a sustentabilidade da dívida ajuda a ancorar as previsões dos juros e a reduzir os prêmios de risco dos ativos financeiros, o que por sua vez afeta a política monetária.
Na ata, ainda é citado que, embora as projeções para o resultado primário e a trajetória da dívida não tenham mudado consideravelmente, houve um aumento no prêmio de risco e uma percepção de deterioração da situação fiscal durante o período, de acordo com relatos dos participantes do Questionário Pré-Copom.
Em relação à divergência de opinião entre os membros do comitê na decisão sobre o corte da Selic, o Banco Central acrescentou que, para esses membros, foi considerado apropriado seguir o guidance, como em reuniões anteriores, mantendo o compromisso firme com a meta. Reforçando a análise, observaram que as projeções de inflação eram mais sensíveis à determinação da taxa de juros terminal e que mesmo uma redução de 0,50 ponto percentual manteria a política monetária suficientemente contracionista.