A JBS (JBSS3), maior produtora de carnes do mundo, informou ontem (29) que Pequim bloqueou os embarques de carne bovina provenientes de sua fábrica em Greeley, Colorado. O motivo do bloqueio foi a detecção de traços de ractopamina, um aditivo alimentar, nos produtos destinados à China.
Em um comunicado oficial, a JBS, que tem sua sede no Brasil, afirmou que está cooperando com as autoridades americanas e chinesas para resolver a situação o mais rápido possível. A empresa enfatizou que nenhuma outra instalação de carne bovina da JBS nos Estados Unidos foi afetada pela suspensão.
A proibição entrou em vigor na segunda-feira, conforme notificado no site do Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). A ractopamina é utilizada para aumentar o peso dos animais, mas seu uso é controverso. O aditivo foi proibido ou restringido em mais de 160 países, incluindo a União Europeia, Rússia e China, devido a preocupações com a saúde humana e o bem-estar animal.
A controvérsia em torno da ractopamina não é nova. No início deste ano, grandes grupos de segurança alimentar, ambientais e de direitos dos animais entraram com uma ação judicial contra um órgão do governo dos EUA, buscando forçá-lo a reconsiderar as aprovações para o uso da ractopamina. Eles alegam que o aditivo coloca em risco a saúde humana e causa estresse significativo nos animais de fazenda antes do abate.
Além da suspensão das exportações da JBS em Greeley, a China também bloqueou a entrada de produtos de carne e aves do Cool Port Oakland, localizado em Oakland, Califórnia, a partir da mesma data, de acordo com informações do USDA. Essas restrições refletem uma postura rigorosa da China em relação aos padrões de segurança alimentar e à conformidade com suas regulamentações.
As consequências dessas restrições foram sentidas imediatamente nos mercados financeiros. Na quarta-feira, os futuros de gado na Bolsa de Chicago despencaram, com o contrato de gado vivo mais ativo, LCQ24, registrando sua maior queda percentual desde 1º de maio. Analistas atribuíram essa queda ao impacto das restrições chinesas, que aumentaram a incerteza no mercado de carnes.
A JBS, por sua vez, continua a trabalhar em estreita colaboração com as autoridades competentes para tentar mitigar os efeitos do bloqueio e resolver a situação o mais rápido possível. A empresa tem uma presença significativa no mercado global de carnes e qualquer interrupção nas exportações pode ter repercussões econômicas consideráveis.
Este incidente sublinha a importância crescente da conformidade com normas internacionais de segurança alimentar e as complexidades das relações comerciais globais. A China, sendo um dos maiores importadores de carne bovina, impõe regulamentos rígidos para proteger a saúde de seus consumidores, o que exige das empresas exportadoras uma vigilância constante sobre suas práticas de produção e segurança alimentar.
A situação atual representa um desafio significativo para a JBS e outras empresas do setor, que devem navegar por um cenário regulatório cada vez mais complexo e exigente. A resposta rápida e eficaz a tais incidentes é crucial para manter a confiança dos mercados e a sustentabilidade das operações de exportação.
Em resumo, o bloqueio das exportações de carne bovina da JBS para a China devido à presença de ractopamina ressalta a importância de aderir estritamente às regulamentações de segurança alimentar internacionais. A empresa está empenhada em resolver a situação, mas o incidente já provocou repercussões significativas nos mercados financeiros e destacou os desafios contínuos enfrentados pelo setor de carnes em um ambiente global rigoroso e regulado.