Segundo a prévia dos resultados da empresa divulgado na segunda-feira (18), a Marisa Lojas registrou uma redução de 28% nas vendas das mesmas lojas no quarto trimestre em comparação com o mesmo período de 2022. A empresa atribuiu esse declínio ao impacto da retomada parcial de recomposição de estoque.
Houve uma diminuição de 41% na receita líquida da Marisa, totalizando R$ 409 milhões durante o período. Esse desempenho foi atribuído pela empresa a uma recomposição de estoque que ocorreu em um ritmo mais lento do que o necessário para sustentar um aumento no volume de vendas. O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do setor varejista apresentou um valor negativo de R$ 35 milhões, contrastando com o resultado positivo de R$ 24 milhões do ano anterior.
A empresa declarou que a receita bruta das lojas físicas alcançou R$ 530,2 milhões no quarto trimestre, refletindo uma queda de 40,1%, devido ao fechamento de lojas ao longo do último ano. Por outro lado, a margem bruta conseguiu um aumento de 1,4 ponto percentual, atingindo 51,9%, por conta da redução de 27,6% nas despesas operacionais. A empresa afirmou em um comunicado que, mesmo com os esforços para estabilizar suas operações de varejo e implementar melhorias na estrutura operacional e de capital, assim como a retomada das atividades comerciais durante o quarto trimestre de 2023, o resultado anual não atendeu às expectativas iniciais.
Os números aquém do esperado nos últimos meses de 2023 serviram como uma formação para que empresa possa reavaliar sua estratégia. Para o ano de 2024, a Marisa pretende impulsionar seus esforços para reposicionar sua marca, concentrando-se no público da classe C, que é o principal segmento de suas lojas físicas. Para realizar os novos objetivos, a empresa divulgou que o cargo de diretor-presidente terá um novo, Edson Garcia.
A Marisa também informou que finalizou o ano de 2023 com uma dívida líquida de R$ 67,8 milhões, o que reflete uma diminuição de 31,5% em relação ao ano anterior.
Novas injeções financeiras
Após os resultados abaixo do esperado, a Lojas Marisa está buscando o capital dos acionistas controladores, a família Goldfarb. Depois de duas injeções na parte financeira da empresa em 2023, os controladores estão planejando injetar pelo menos R$ 195 milhões em uma possível oferta primária de ações ou aumento de capital privado da varejista.
A Marisa contratou o BTG Pactual, o Itaú BBA e a BR Partners para avaliar a viabilidade de ambos os cenários, devido a baixa esperança do mercado em relação às condições da empresa para lançar uma oferta. Fontes afirmam que, dado que a reestruturação da Marisa ainda está em andamento e não há clareza sobre quando o negócio será sustentável novamente, a possibilidade de um aumento de capital privado é mais provável.
De acordo com a empresa, os R$ 195 milhões dos controladores representam o valor mínimo a ser movimentado, tanto por meio de oferta quanto por aumento de capital. Além disso, existe a possibilidade de um montante adicional de R$ 90 milhões, destinado a facilitar a conversão das debêntures detidas pelos controladores em participação acionária, que funcionaria como uma medida que reduziria a alavancagem da companhia. Dessa forma, a empresa não precisaria mais honrar suas dívidas com os controladores, os quais, por sua vez, aumentariam sua participação no negócio mediante um investimento de R$ 285 milhões.