O ecossistema de finanças tem se apoiado fortemente em tecnologia e inteligência artificial para potencializar as novas tendências e inovações. Não à toa, o uso de IA e automatização gera economia de R$ 3,41 milhões nas empresas em todo mundo, segundo dados da IBM. Neste cenário, destaque-se a performance da América Latina, que tem saído à frente quando o assunto é inovação no ecossistema financeiro. Isso ficou mais do que claro na última edição do Money 2020 Las Vegas, evento anual que reúne líderes e inovadores do setor financeiro global para discutir as tendências emergentes e as tecnologias disruptivas que estão moldando o futuro do dinheiro.
Realizado na última semana, um dos principais destaques do evento foi a inteligência artificial, que tem sido explorada de forma inovadora neste segmento para tarefas como análise de dados, prevenção de fraudes e atendimento ao cliente, que melhoram o desempenho das plataformas. Outro destaque foi como a América Latina, e neste caso leia-se o Brasil, tem surpreendido todo o mundo com o seu pioneirismo.
Nosso país tem se destacado cada vez mais em meio a tantos países, com soluções e operações fronteiriças que se sobressaem, como o uso do Pix e Open Finance, por exemplo. Ao acompanhar a grade de conteúdo do Money 2020 deste ano, fiquei feliz ao constatar que o mundo também compartilha da nossa percepção de que estamos dando passos largos rumo ao ápice da inovação. Ou seja, não é apenas uma visão interna. O mundo também nos vê como um exemplo a ser seguido neste quesito, e isso abre um gigantesco leque de oportunidades. Vários palestrantes destacaram a importância da nossa região como um solo fértil para a criação e o crescimento de startups financeiras.
Entre talks e painéis, foi possível identificar, ainda, o ponto de vista de diversos CEOs e influenciadores neste mercado que compactuam com a ideia de sustentabilidade e diversificação financeira. Em boa parte dos discursos, a América Latina, mais especificamente o Brasil, tem sido o ponto de partida e de referência para outros países. Minha percepção é que todos estão obcecados pelos cases da Latam, principalmente durante o talk sobre os pagamentos instantâneos ao redor do mundo, no qual o Pix foi citado inúmeras vezes.
O que mais chamou a atenção dos presentes foi o acesso de pagamentos cross border e demais produtos financeiros que se destacam em nosso país. Por exemplo, enquanto outros locais utilizam o engajamento do usuário para alavancar os sistemas, vide os Estados Unidos, que dependem do interesse do público para utilizar o Fed Now, solicitando instant payments, aqui o BC impõe o Pix como uma ferramenta obrigatória aos bancos. Uma demonstração clara de que o país tem se apoiado na inovação como braço principal das instituições financeiras e não apenas de seus usuários.
Os demais talks do evento reforçaram também a importância da experiência do usuário durante o uso de aplicativos financeiros, como a adoção de pagamentos digitais, com o uso de carteiras digitais, pagamentos por aproximação e via QR Code; as novas tecnologias que estão ajudando a promover o acesso a serviços financeiros para pessoas de baixa renda e em áreas rurais; e a preocupação com a sustentabilidade, com iniciativas para reduzir o impacto ambiental das operações.
Vale ainda um destaque para o tema blockchain. A tecnologia foi abordada pelos principais speakers, que destacaram o potencial de revolucionar o setor financeiro, com aplicações em áreas como pagamentos, seguros e títulos, bem como o open banking, que está facilitando o compartilhamento de dados financeiros entre instituições financeiras, claro que seguindo todas as normas da Lei Geral de Proteção de Dados.
Representando o Brasil, diversas empresas transfronteiriças, focadas especialmente em B2B, estiveram presentes, nomes como Nium, Wepayments, Nomad, Transfero e a Conduit, mostrando a força do nosso ecossistema.
Fonte: Época Negócios