Apesar de um desempenho mais tímido nos aluguéis, a Multiplan surpreendeu positivamente analistas dos principais bancos de investimento com o balanço do primeiro trimestre divulgado mais cedo. A diversificação da receita e um fluxo de caixa de operações (FFO) acima do esperado foram os principais fatores mencionados em relatórios ao longo do dia.
A administradora de shopping centers registrou lucro líquido de R$ 267 milhões no primeiro trimestre, alta de 28,9% em relação ao nível de um ano antes. Já o fluxo de caixa de operações (FFO) foi de R$ 327,5 milhões, avanço de 25,5%. O número ficou 30% acima da projeção do Itaú BBA e 16% maior que a previsão do Santander, por exemplo.
Para a XP, o desempenho do indicador foi acelerado por inventivos fiscais da distribuição de dividendos e despesas financeiras menores — produzido um efeito de desalavancagem, de acordo com os analistas da corretora. Já Citi destacou ainda a diversificação de receitas e a estratégia digital da Multiplan, que tem explorado melhor seu aplicativo.
O Goldman Sachs avaliou também que o impacto do IGP sobre os aluguéis combinado com o crescimento das vendas, de 8,6% em mesmas lojas, diluiu o custo de ocupação da Multiplan, que chegou a 14% (queda de 1 ponto percentual). “Custos de ocupação mais baixos poderiam potencialmente abrir espaço para o crescimento futuro dos aluguéis para a empresa”, diz a análise. A receita com aluguéis no critério mesmas lojas teve avanço real anual de 3,2% no trimestre.
O Itaú BBA atribuiu a surpresa positivo no fluxo de caixa operacional a um melhor desempenho financeiro e menores taxas, citando também o MultiApp. O banco ressaltou, porém, que o setor como um todo está sob um asterisco da regulamentação da reforma tributária.
“A discussão tributária continuará no centro das atenções”, escreve a equipe de Daniel Gasparete, do Itaú BBA. “Conforme observado no nosso último relatório, esperava-se que este tópico ressurgisse em algum momento deste ano e poderia desencadear uma reação negativa do mercado. Nossa análise sugere que a nova regulamentação da reforma tributária poderia implicar um aumento de 5 p.p na taxa de imposto (ou -10% no FFO). Ressaltamos, porém, que esta é uma avaliação preliminar.”
Analistas do Bradesco elegeram a ação sua top pick do setor e ressaltam que não há motivo para preocupações de curto prazo relacionadas a M&As — um temor que vem arrepiando o mercado desde que o setor começou a dar sinais de crise, com a pandemia. O banco tem recomendação de compra para o papel e preço-alvo de R$ 35.
Fonte: Pipeline