Desde que a Azul divulgou os resultados do quarto trimestre e revisou o guidance para 2024, na semana passada, as ações da aérea recuaram mais de 10% em bolsa — mesmo diante do aumento expressivo no lucro líquido e nas perspectivas como um todo. O BTG discorda da reação do mercado e reforçou, num relatório em que elenca e rebate razões de pressão no papel, que a companhia é sua top pick no setor, ao lado de Copa e Latam.
“O mercado permanece muito cético, em nossa opinião, quanto à melhoria do desempenho operacional da Azul pós-covid, deixando espaço para surpresas positivas nos lucros”, escrevem Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Marcelo Arazi no relatório. “Ainda gostamos do seu robusto posicionamento de produto e da dinâmica favorável do mercado local.”
Entre as principais razões de pessimismo entre os investidores listadas pelo banco, talvez a mais injusta seja a frustração com as expectativas de uma revisão mais generosa no guidance, diz o banco. Embora as perspectivas tenham melhorado, o banco acredita que a área deva ir ajustando aos poucos a métrica, sem uma correção abrupta nos cálculos.
O mercado tem menosprezado o impacto potencial de uma intervenção governamental no setor, avalia o BTG. Uma possível linha de crédito incentivada pode fazer toda a diferença para as aéreas e até ser vital para concorrentes como a Gol. No caso da Azul, pode representar, principalmente, um corte expressivo nas despesas financeiras.
Já a preocupação dos investidores com a diluição, frente ao processo de reestruturação da dívida da companhia, tem seu fundamento, reconhece o banco, mas não deveria estar precificado a tão curto prazo. “Este processo de conversão tem um longo cronograma e acreditamos que o gap em relação ao preço deve diminuir gradualmente à medida em que a empresa apresentar melhor desempenho operacional.”
O banco ainda menciona, entre os motivos que considera mais razoáveis na correção de preço, o contexto macro de energia e câmbio, mas defende que são riscos intrínsecos ao setor. Nesse sentido, os analistas também argumentam que a perspectiva é de melhora e que, se alguma companhia aérea tem posicionamento de marca e produto capaz de repassar custos ao consumidor com mais celeridade, é a Azul.
O BTG recomenda a compra das ações da Azul, com preço-alvo de R$ 33. O banco calcula o atual EV/Ebitda de 2024 em 4 vezes.
Fonte: Pipeline