A montadora Stellantis (STLAM.MI) anunciou na semana passada que inaugurará uma nova etapa de investimentos no Brasil, destinando 30 bilhões de reais (6,07 bilhões de dólares) entre 2025 e 2030. De acordo com a Stellantis, este é o maior investimento já realizado na indústria automotiva da região e estes novos recursos não abrangem os R$ 16,2 bilhões previamente anunciados pela empresa, os quais serão desembolsados até 2025.
O aporte foi revelado após um encontro entre os executivos da empresa e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrendo em um período em que o governo busca revitalizar a indústria nacional. Os recursos serão destinados ao lançamento de quatro novas plataformas globais, que serão utilizadas na fabricação dos 40 novos produtos, além de aprimorar os veículos atuais, realizar novos lançamentos, implementar a tecnologia ‘bio-hybrid’ e investir em novos negócios.
Dentre essas plataformas, três serão do tipo híbrido flex, integrando sistemas de propulsão elétrica com motores a combustão capazes de utilizar tanto gasolina quanto etanol em diversas proporções. Denominada Bio-Hybrid, essa tecnologia abrangerá motores híbridos leves, híbridos convencionais, híbridos plug-in, e também propulsão totalmente elétrica. No total, serão oferecidas oito configurações distintas de motorização eletrificada.
De acordo com a montadora, o pioneiro veículo equipado com a tecnologia Bio-Hybrid está programado para ser lançado no Brasil no segundo semestre de 2024. No entanto, empresa mantém mistério em relação à marca e ao modelo deste inovador produto. A Stellantis também declarou seu objetivo de fabricar, no Brasil, um veículo elétrico com bateria em algum momento futuro, embora não tenha especificado um prazo para essa iniciativa.
O CEO global da montadora, Carlos Tavares, afirmou em uma coletiva de imprensa que o plano de investimento será alinhado com as diretrizes do programa automotivo brasileiro Mover, que busca proporcionar benefícios fiscais às montadoras comprometidas com a sustentabilidade, estabelecendo também novas obrigações para mitigar o impacto ambiental da indústria automotiva. Tavares elogiou o programa, ressaltando ser pragmático e inteligente, além de reforçar que a sincronia de interesses entre o governo brasileiro e a Stellantis é crucial.
Dentro dos objetivos da Stellantis para a principal economia da América Latina, o CEO destacou a incorporação de tecnologia de eletrificação aos seus modelos flex-fuel, capazes de operar tanto com gasolina quanto com etanol, de acordo com Tavares. Ele também ressaltou que a América Latina desempenhará um papel fundamental na aceleração da descarbonização da mobilidade.
No mês passado, a Stellantis divulgou a aquisição da maioria das ações da empresa brasileira de serviços automotivos DPaschoal. A montadora também detém as marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroen no Brasil.
O montante de recursos divulgado pela Stellantis equivale a um terço dos aproximadamente 100 bilhões de reais estimados pela Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) em fevereiro como o investimento total previsto no setor automotivo no Brasil até 2029, abrangendo também a indústria de autopeças.
Uma sequência de anúncios de investimentos por parte de concorrentes no país vêm ocorrendo. A General Motors irá investir R$ 7 bilhões de 2024 a 2028 no Brasil, enquanto a Volkswagen oferece um aporte de R$ 16 bilhões entre 2022 a 2028). Já Toyota anunciou um investimento de R$ 11 bilhões até 2030) e a Great Wall vem sacando R$ 10 bilhões desde o ano passado e vai até 2032. Desde 2021, a Renault tem investido R$ 5,1 bilhões, que irão durar até 2027. A Caoa também passou a colocar em prática o aporte de R$ 4,5 bilhões em 2021 e finaliza em 2028, enquanto a BYD inicia seu investimento de R$ 3 bilhões a partir desse ano, até 2030. A Nissan divulgou um aporte no ano passado de R$ 2,8 bilhões, que se mantém até o ano que vem.