O Suzano Day 2024, encontro com investidores da Suzano (SUZB3), aconteceu nas instalações da companhia em Ribas do Rio Pardo (MS). Na visão de analistas, o evento reforçou a tese de investimentos da casa.
Aceleração de produção e liderança na celulose: atualizações do Suzano Day
Dentre as principais novidades da Suzano para 2025, a analista de ações Larissa Quaresma, ressaltou a aceleração do início de produção na fábrica de Ribas, que deve operar com a eficiência planejada no próximo mês de janeiro – antes era previsto para abril.
“Essa é a principal alavanca para manter a relevância da Suzano no mercado global de celulose nos próximos anos”, afirma a analista.
Além disso, outros destaques foram:
- – Manutenção da liderança em custo da celulose, mesmo com a revisão de +8% na projeção de desembolso por tonelada em 2027. A companhia, atualmente produtora mais eficiente do mundo, ainda prevê redução de 14% sobre o patamar atual;
- – Expansão da capacidade em papel, embalagem e bens de consumo, com investimentos de R$ 300 milhões na fábrica de papel em Limeira (SP); absorção de sinergias com a fábrica de papel-cartão adquirida nos EUA; e antecipação do início da nova fábrica de lenços de Aracruz (ES) para o 4T25;
- – Trajetória de desalavancagem reafirmada, após os picos de investimentos na fábrica de Ribas. A companhia prevê uma redução da alavancagem saindo do patamar atual de 3,2x Ebitda para 2,5x até o final de 2025.
Como a planta de Ribas ajuda a SUZB3 a reafirmar seu papel no mercado de celulose
Com otimismo, a analista conta que a gestão da Suzano está celebrando a nova planta de Ribas do Rio Pardo (MS), pronta dentro do prazo previsto (3 anos) e do orçamento inicial (R$ 22 bilhões).
A planta, conforme informou a companhia, terá capacidade de produzir 2,55 milhões de toneladas de celulose anualmente, e deverá atingir sua capacidade máxima no próximo mês (janeiro de 2025).
“Essa é, reforçamos, a maior fábrica de celulose do mundo. Não só a capacidade máxima deve ser atingida em janeiro, como também o custo de produção planejado para a unidade”, acrescenta Quaresma.
Apesar dos desafios encontrados em sua construção, a empresa Suzano conseguiu otimizar uma verticalização ainda maior da parte florestal, com terras mais próximas da fábrica e com menor dependência de terceiros. Ademais, o excedente de energia gerado na fábrica para redução adicional de custos está sendo vendido.
O custo de caixa consolidado da Suzano até 2027 ainda projeta uma redução de 14%, para R$ 746/tonelada. “Vale comentar que o real depreciado traz benefícios à receita mais que proporcionais à penalização no custo”, comenta a analista.
Avanço na produção de papel, embalagem e bens de consumo
Algumas aquisições relevantes para a Suzano neste período foram:
- – As sinergias da fábrica adquirida da Kimberly Clark – produtora de papel higiênico, guardanapo, toalhas de papel – em Mogi das Cruzes (SP) em abril de 2023 possibilitou uma redução de 46% nos custos, além da expansão da participação de mercado nas regiões Sul (+2 p.p.) e Sudeste (+1 p.p.);
- – Antecipação da nova fábrica de lenços (tissue) em Aracruz (ES), com capacidade de 340 mil toneladas/ano. A entrega foi antecipada em três meses para o quarto trimestre de 2025;
- – A absorção das sinergias com as duas fábricas de papel cartão adquiridas nos EUA em julho deste ano estima uma redução do custo de produção e melhoria de condições comerciais para o segmento de papel e embalagens;
- – Um investimento da Suzano de R$ 300 milhões em uma fábrica de papel e embalagem localizada em Aracruz (ES), deverá enxugar os custos em R$ 30/tonelada.
- O segmento de papel, embalagem e bens de consumo representa 20% da receita da Suzano. Segundo a analista, é esperado que a companhia continue em sua trajetória de diversificação e se torne cada vez mais um player integrado de papel & celulose, indo do plantio do eucalipto até o consumidor final.
Critérios para alocação de capital em projetos da Suzano; analista dá sinal amarelo para ações
A nova gestão financeira, liderada por Marcos Assunção, aproveitou o Suzano Day para reforçar os critérios para alocação de capital em novos projetos: taxa interna de retorno (TIR) acima do custo de capital médio (8,7% ao ano em reais), preservação do rating e alinhamento com a estratégia de longo prazo.
“A mensagem foi pragmática: não há espaço para grandes aquisições que comprometam a desalavancagem no curto prazo. Com isso, a companhia espera atingir um índice dívida líquida / EBITDA de 2,5x ao final de 2025, em linha com o que esperávamos”, conclui Quaresma.
Na perspectiva da analista, o evento confirmou a tese de investimentos da Empiricus Research, com claros avanços operacionais.
“Contudo, o cenário macro para celulose segue desafiador, com pressões nos custos e equilíbrio delicado entre oferta e demanda, embora estejamos perto do piso. Seguimos atentos à execução disciplinada e ao compromisso com redução de custos e alavancagem, que continuam sendo os pilares centrais da tese”, comenta.