O termo fintech pode ser aplicado, de maneira ampla, a toda instituição que, no mercado financeiro, ofereça soluções inovadoras, proporcionando uma boa experiência aos clientes e utilizando predominantemente soluções tecnológicas em seus produtos e serviços.
Nesse sentido, muitos players, como Sociedades de Crédito Direto (SCDs), Sociedades de Empréstimo entre Pessoas (SEPs), bancos digitais, corretoras, entre outros, se denominam e são reconhecidos pelo público em geral como fintechs.
Por outro lado, estritamente falando, dentro do universo regulamentado das instituições financeiras, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu, por meio da Resolução 5.050 de 2022, que versa sobre as SCDs e SEPs, que suas operações de empréstimo e financiamento entre pessoas devem ocorrer exclusivamente por meio de plataformas eletrônicas. Ou seja, essas instituições nasceram com uma forte ênfase na tecnologia.
No Sistema Financeiro Nacional, a regulação sobre Responsabilidade Social, Ambiental e Climática é estabelecida pela Resolução 4.945 de 2021 do CMN e é aplicável às instituições financeiras, o que significa que as SCDs e SEPs estão sujeitas a essa norma. No entanto, as Instituições de Pagamento (IPs) não são consideradas instituições financeiras e, portanto, não estão incluídas na regulamentação.
Independentemente disso, no cenário atual, em que boas práticas de gestão são cada vez mais valorizadas pelo público em geral, as considerações deste texto também deveriam ser aplicadas às IPs, que são importantes integrantes do universo das fintechs.
Nos últimos anos, as fintechs têm desempenhado um papel cada vez mais significativo no cenário financeiro nacional, proporcionando soluções inovadoras e acessíveis para uma ampla gama de serviços financeiros. O papel do Banco Central, no sentido de promover uma regulação moderna que permita a entrada de novos participantes, a fim de aumentar a concorrência, tem sido fundamental. No entanto, à medida que essas empresas crescem e ganham influência, a importância de incorporar critérios de ESG (Ambiental, Social e Governança) em suas operações torna-se cada vez mais evidente.
a) Ambiental: As fintechs têm a responsabilidade de reduzir seu impacto ambiental. Isso inclui a adoção de práticas sustentáveis em seus escritórios, como economia de energia e redução de resíduos. Além disso, essas empresas podem contribuir para a sustentabilidade financeira de seus clientes, incentivando investimentos verdes e oferecendo produtos financeiros que promovam a responsabilidade ambiental.
b) Social: A inclusão financeira é um dos pilares das fintechs no Brasil. Essas empresas têm a capacidade de atingir comunidades que ainda não têm acesso a serviços financeiros adequados, proporcionando acesso a serviços financeiros básicos, como contas bancárias e empréstimos. Além disso, muitas fintechs estão envolvidas em iniciativas sociais, como educação financeira e programas de auxílio a populações carentes.
c) Governança: A transparência e a ética nos negócios são fundamentais para a confiança dos clientes e investidores. As fintechs devem adotar boas práticas de governança, garantindo que suas operações sejam conduzidas de maneira ética e responsável. Isso inclui a implementação de políticas de combate à corrupção e a garantia de que os interesses dos acionistas sejam protegidos.
A incorporação de critérios de ESG não apenas beneficia a sociedade e o meio ambiente, mas também faz sentido econômico para as fintechs. Investidores e clientes estão cada vez mais atentos às questões de ESG, e empresas que não levam esses fatores a sério correm o risco de perder oportunidades de investimento e mercado. Um exemplo concreto disso são os critérios exigidos em ESG para aportes de investidores internacionais em projetos locais.
A importância do ESG para as fintechs no Brasil é evidente e possui várias dimensões. Ao adotar critérios ambientais, sociais e de governança, essas instituições podem não apenas melhorar sua reputação e sua relação com os stakeholders, mas também contribuir para um futuro mais sustentável e inclusivo no setor financeiro brasileiro. Portanto, é crucial que as fintechs abracem os princípios de ESG como parte integral de suas operações e estratégias de negócios.
Fonte: Suno