A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) cresceu 1,4% em agosto deste ano, um número que não era atingido desde 2015. A IFC alcançou os 101,1 pontos, o maior valor desde os 102,9 pontos em abril de 2015. O crescimento em relação a agosto do ano passado é de 23,1%.
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a justificativa para tal acontecimento pode ter sido a desaceleração na inflação no Brasil, o que motivou a população a aumentar o consumo neste mês. Segundo a economista Izis Ferreira, “A inflação corrente caindo mais do que o esperado tem deixado os consumidores mais dispostos a consumir. Em julho, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou uma inflação anual aproximadamente quatro vezes menor do que há um ano. Além disso, o consumidor sente maior segurança no emprego, com o mercado de trabalho apresentando alta nas contratações formais, mesmo que em menor intensidade”. Izis é responsável pela pesquisa da CNC, no relatório do indicador.
Em nota, a CNC informou que os resultados indicam um crescimento crescente da intenção de consumo desde janeiro de 2022, quando o índice estava em 99,3 pontos, em níveis anteriores à pandemia do Covid-19. É a primeira vez em 8 anos que o indicador ultrapassa os 100 pontos, e demonstra otimismo ao retorno das famílias às suas intenções de consumo e tendência de recuperação de todos os subitens.
No entanto, Izis ressalta: “Embora otimistas e com juros de mercado desacelerando, o endividamento ainda em nível elevado limita a capacidade de consumo e os efeitos benéficos da maior renda disponível. Tanto que 40 em cada 100 consumidores ainda indicam que estão comprando menos do que há um ano. Nesse contexto, as vendas no varejo têm demonstrado dificuldade de sustentar crescimento de forma uniforme entre os segmentos”.
Os componentes do ICF para realizar a pesquisa são emprego atual, renda atual, nível de consumo atual, perspectiva de consumo, acesso ao crédito, momento para aquisição de bens duráveis e perspectiva profissional. Dentre eles, apenas o último não mostrou um avanço de julho para agosto.
Dividido por gênero, o estudo mostrou que a propensão para comprar tanto dos homens como das mulheres melhorou. Na zona de otimismo, a intenção de consumo dos homens aumentou de 100,6 pontos em julho para 102,2 pontos em agosto, enquanto a intenção de consumo das mulheres subiu de 97,9 pontos para 99,7 pontos, o que, apesar do progresso, ainda é negativo (abaixo de 100 pontos).
“Do total de consumidoras, 41,2% apontam que estão mais seguras no emprego atualmente, e 10,6% afirmaram estar desempregadas. Entre os homens, 43,5% afirmam estar mais seguros no trabalho, e somente 7,8% apontam desocupação”, frisou a CNC.