Na última reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, foi expressada uma preocupação em relação aos riscos associados a redução das taxas de juros. A ata do encontro realizado entre 30 e 31 de janeiro, divulgada na quarta-feira (21), destacou uma considerável incerteza sobre a durabilidade do atual nível dos custos dos empréstimos, ressaltando que a decisão pode ter sido tomada cedo demais.
Foi mencionado na ata que os participantes enfatizaram a incerteza relacionada à necessidade de manter uma postura restritiva na política monetária para alcançar o retorno da inflação à meta de 2% estabelecida pelo Fed.
Os legisladores do Fed também concordaram que era necessário ter “maior confiança” na redução da inflação antes de refletirem sobre a possibilidade de cortar as taxas. Essa declaração na ata foi transmitida por meio de uma abordagem cautelosa e mais gradual em relação aos cortes nas taxas, em contraste com as expectativas do mercado, que antecipavam o início dessas medidas em junho.
A ata também mencionou que “alguns participantes” alertaram para o risco de que o avanço na inflação poderia estagnar completamente se a economia mantivesse o desempenho firme que tem apresentado. Após a divulgação da ata, os investidores em contratos vinculados à taxa de referência do Federal Reserve continuaram a antecipar que o banco central iniciaria a redução das taxas de juros em junho.
Quanto ao balanço de ativos do Federal Reserve, os líderes indicaram que será apropriado abordar, durante a reunião de março, a probabilidade de reduzir o ritmo do processo de aperto quantitativo, que envolve a maturação ou venda dos títulos detidos pelo Fed. De acordo com eles, uma abordagem menos restritiva em relação ao balanço facilitaria a transição para o nível abrangente de reservas ou possibilitaria uma prolongação do período de redução do balanço.
Na coletiva de imprensa realizada em 31 de janeiro, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, indicou um descarte sobre a possibilidade de um corte nas taxas na reunião de 19 e 20 de março, e a ata revelou que essa não foi uma decisão dificilmente tomada.
Os funcionários do Federal Reserve observaram diversos riscos, que vão desde vulnerabilidades notáveis no sistema financeiro dos EUA, como a diminuição dos preços dos imóveis comerciais, até, segundo a ata, a chance de que a redução da inflação possa necessitar de um período mais extenso do que inicialmente previsto. Essa situação, por sua vez, poderia resultar em uma desaceleração do ritmo da atividade real além das expectativas.
Segundo o E-Investidor, a Capital Economics analisou que a ata foi ligeiramente “hawkish”, mas não excluía a possibilidade de um corte de juros em maio. A Oxford Economics também considerava mais provável um corte de juros em maio, embora a interpretação da ata aumentasse a chance de que isso ocorresse apenas em uma data posterior.
O documento não teve muito impacto nas ações dos Estados Unidos, com analistas em sua maioria avaliando que não houveram alterações substanciais o suficiente nas perspectivas para a política monetária do país.