O bitcoin (BTC) opera em alta nesta quinta-feira (17) mostrando uma resiliência maior às tensões comerciais entre Estados Unidos e China do que o mercado acionário tradicional, já que as bolsas americanas abriram em queda. No acumulado dos últimos sete dias, o BTC apresenta ganhos de 3,6%. Além do cenário tarifário, os investidores também reagem ao discurso de ontem do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell.
Powell afirmou que a política monetária do banco central americano está bem posicionada, mas alertou que a guerra tarifária promovida pelo presidente americano, Donald Trump, pode afastar o Fed de seu duplo mandato de manter a inflação na meta e o pleno emprego. Na opinião dele, é provável que a inflação aumente e o nível de emprego diminua com as medidas de Trump. As declarações aumentaram o medo de que os juros demorem mais a serem reduzidos nos EUA, algo que prejudica a liquidez global e, consequentemente, o desempenho dos ativos de risco.
Em resposta, Trump criticou o presidente do Fed, chamando-o de “atrasado e errado” e chegou a pedir a demissão dele pelas redes sociais.
Perto das 10h27 (horário de Brasília), o bitcoin sobe 1,1% em 24 horas, cotado a US$ 84.581 e o ether, moeda digital da rede Ethereum, tem alta de 1,3% a US$ 1.595, conforme dados do CoinGecko. O valor de mercado somado de todas as criptomoedas do mundo atualmente é de US$ 2,76 trilhões. Em reais, o bitcoin apresenta valorização de 0,5% a R$ 497.54, de acordo com valores fornecidos pelo Cointrader Monitor.
Entre as altcoins (as criptomoedas que não são o bitcoin), o XRP, token de pagamentos internacionais da Ripple, sobe 1,6% a US$ 2,10. Já a solana tem ganhos de 6,8% a US$ 133,32 e o BNB (token da Binance Smart Chain) avança 1,3% a US$ 587,97.
Segundo Beto Fernandes, analista da Foxbit, apesar do pessimismo visto no mercado americano, o bitcoin está conseguindo se manter próximo de um zero a zero por enquanto, mostrando ainda mais a sensação de resiliência das últimas semanas. Fernandes lembra que sexta e segunda-feira serão feriados em quase todo o mundo, algo que deve afetar a liquidez e aumentar a volatilidade nos criptoativos. “Muitos players estão organizando suas posições para evitar flutuações financeiras e políticas durante o período de folga dos mercados”, afirma.
Usando análise técnica, Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, diz que o bitcoin vem trabalhando em uma micro lateralização de curto prazo entre as faixas de preços de US$ 82.900 e US$ 86.430 desde o dia 12 de abril. “Ao analisar o fluxo, é possível observar que a força compradora continua predominante, o que sugere que o preço da principal criptomoeda do mercado poderá buscar as regiões de liquidez de curto e médio prazo nas faixas de preços de US$ 87.530 e US$ 89.500 como pontos de resistência”, avalia.
Ana projeta que, caso essas resistências não sejam superadas ou entre uma força vendedora revertendo o movimento, a criptomoeda deve buscar os suportes de curto e médio prazo, que estão nas faixas de preços de US$ 79.590 e US$ 74.800.
Nos fundos negociados em bolsa (ETFs) de bitcoin à vista que operam nas bolsas americanas, foi registrado ontem um saldo líquido negativo de US$ 171,1 milhões. Os responsáveis pela saída líquida de recursos foram o FBTC, da Fidelity, com US$ 113,8 milhões de excesso de vendas de cotas em relação às compras, e o ARKB, da Ark Invest, com US$ 113,2 milhões de excesso de vendas de cotas em relação às compras, e o ARKB, da Ark Invest, com US$ 113,2 milhões.
Entre os ETFs de ether, o fluxo foi negativo em US$ 12,1 milhões, no sétimo pregão consecutivo de retirada de dinheiro. Os três alvos da saída de capital foram o ETHE, da Grayscale, com US$ 8,2 milhões; o ETHA, da BlackRock, com US$ 4,3 milhões; e o EZET, da Franklin Templeton, com US$ 1,8 milhão de saques líquidos.