Segundo a Fundação Getúlio Vargas, um superávit recorde foi registrado na balança comercial brasileira entre janeiro a julho deste ano, sendo as principais razões as exportações de commodities agropecuárias e petróleo bruto. O Brasil exportou 9,0% a mais comparado ao primeiro semestre de 2022, enquanto importou 1,2% a menos. Em relação a valores, houve um aumento de 0,1% em exportações e uma diminuição de 8,8% em importações. A queda de preços foi um dos fatores que influenciaram estes números, já que decaíram 7,7 nas exportações do primeiro semestre e 8,8% nas importações.
“Até o final do ano não se espera grandes variações nos preços, com uma possível tendência de alta no petróleo”, prevê a FGV.
O relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado nesta terça-feira (22) indica que as porcentagens possam recuar no segundo semestre, devido ao agravamento da crise na Argentina e da desaceleração da China, que foram dois países cruciais no feito registrada pela balança. A China participou de cerca de 30,3% de exportações brasileiras e a Argentina com 5,7%.
Segundo o Icomex, “os possíveis impactos negativos com as turbulências na Argentina poderão impactar as exportações já esse ano. No caso da China, já era esperada a desaceleração das exportações para o segundo semestre”. A Fundação Getúlio Vargas ressalta que o quadro da economia chinesa é preocupante diante da baixa nas projeções de crescimento do país, a redução dos investimentos em construção e queda nas exportações e deflação, o que deixa claro que há uma fraqueza na demanda doméstica. Porém, adiciona que as estimativas de um crescimento do PIB em cerca de 5% já era a estimativa oficial do governo chinês: “Há um relativo consenso entre as análises sobre os possíveis impactos sobre as exportações brasileiras. As exportações da agropecuária seguiriam o comportamento sazonal esperado, com desaceleração do crescimento no segundo semestre”, afirma a FGV.
“A segunda fonte de preocupação é a Argentina. Destaca-se o aumento das exportações para o país, mesmo com a recessão da economia. Até julho, as exportações de automóveis e peças continuavam crescendo e responderam por 19% das exportações brasileiras para a Argentina. A seca no país introduziu um novo produto na pauta: a soja em grão, com participação de 16% no acumulado até julho. No ano de 2022, as exportações de soja foram de US$ 181 milhões e em 2023, até julho, de US$ 1,7 bilhões.”, complementa a Fundação, e ainda diz que “não se espera que a contribuição da Argentina para o aumento do volume exportado se sustente nos próximos meses”.
Também é esperado uma redução na participação dos Estados Unidos, que representa 10,5% nas exportações brasileiras, devido ao aumento da taxa de juros que resultou em uma redução na demanda dos estadunidenses.
“Em suma, até o final do ano se espera um menor ritmo de crescimento nas exportações”, finaliza a FGV.