Com uma projeção promissora para a próxima década, o Nordeste se destaca como a região do Brasil com o maior crescimento econômico previsto para o período de 2025 a 2033, os dados são do relatório de Cenários Regionais de Atividade Econômica, da Tendências Consultoria. Apesar da recessão iniciada em 2014, a região tem planos de investimentos tanto públicos quanto privados que prometem impulsionar a economia.
A reforma tributária é vista como uma medida que pode impulsionar o crescimento econômico da região, principalmente devido à unificação de impostos através do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) sobre custos operacionais e redução de gastos de transação. No entanto, os efeitos da reforma variam internamente e o Nordeste enfrenta obstáculos específicos para alcançar um crescimento econômico equilibrado.
Um desses desafios é a superação das desigualdades regionais. De acordo com o economista Lucas Assis, é importante ressaltar que esse crescimento, embora positivo, não será suficiente para suplantar as diferenças estruturais na economia do País. “Em relação aos investimentos planejados, o Sudeste ainda supera o Nordeste em termos de valores monetários, mas proporcionalmente, os investimentos no Nordeste se mostram mais relevantes para o tamanho de sua economia.”
Ainda sobre os investimentos que desempenham um papel crucial na busca por um desenvolvimento mais equitativo no Nordeste, a região tem visto aportes substanciais em setores estratégicos, como energia e infraestrutura. Com destaque para:
Petrobras e Refinaria Abreu e Lima
A Petrobras investe cerca de US$ 8 bilhões na implantação do trem 2 da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) em Ipojuca, Pernambuco, com foco na produção de diesel S10.
Noxis Energy e refinaria no Complexo do Pecém
A Noxis Energy investe cerca de US$ 830 milhões na construção de uma refinaria no Complexo do Pecém, no Ceará.
Investimentos no Novo PAC e na área de atuação da Sudene
O governo federal lançou o Novo PAC, um programa de investimentos em infraestrutura com a intenção de contratar R$ 1,7 trilhão em investimentos, dos quais R$ 1,4 trilhão seria executado até 2026. Parte desses investimentos privados provém de concessões feitas em governos anteriores.
As diferenças internas entre os Estados também devem ser obstáculos para o desenvolvimento na região. Em entrevista concedida ao Estadão, o Superintendente da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), Danilo Cabral, destaca quais são os desafios: “O crescimento do Nordeste não deve ser sentido pela população agora. Apesar da melhora em macro índices econômicos, ainda temos questões internas relacionadas à infraestrutura, distribuição de renda, escolarização e acesso ao ensino superior, além dos desafios relacionados à seca, principalmente nas regiões de semiárido”.
A Sudene faz parte desse esforço de investimento para a região, com a expectativa de receber aproximadamente R$ 700 bilhões em investimentos. Estados como Pernambuco, Bahia, Maranhão e Sergipe estão entre os destinos de investimentos relevantes, especialmente nos setores de transporte e logística, energia e petróleo e gás.
Ainda sobre o enfrentamento dessas disparidades, o superintendente informou que, recentemente, foi aprovado o Plano de Desenvolvimento Regional, que visa a desconcentração do boom econômico em regiões específicas para a melhor distribuição na região, “que conta com ótimas janelas de oportunidade no que diz respeito à produção de energia limpa, construção de brs para o hidrogênio verde e tantas outras frentes de uma economia sustentável. O foco agora é diminuir as desigualdades internas para que a população seja diretamente beneficiada com a geração de emprego e renda”, completa Danilo.
Em relação ao papel dos bancos públicos, o economista Lucas Assis enfatizou a importância de uma gestão responsável para evitar crises fiscais e incertezas. Além disso, os investimentos privados podem ser afetados por fatores como juros altos, inflação elevada e incertezas globais que reduzem o fluxo de recursos para países emergentes.
“No geral, o Nordeste tem a oportunidade de desempenhar um papel significativo no crescimento do Brasil, mas é essencial abordar questões de desigualdade e garantir que o desenvolvimento seja equitativo, inclusivo e com responsabilidade dentro das políticas de incentivo fiscal em médio prazo.” comenta o especialista.
A consultoria estima um crescimento médio do País de 2,5% no período de 2025 a 2033, um valor semelhante ao observado de 1996 a 2005, mas abaixo da média de 3,5% do período anterior a 2014.
Fonte: Terra