Nas últimas três semanas, executivos da Temu, marketplace chinês presente em 18 países, estiveram no Brasil levantando dados sobre o e-commerce e o comportamento do consumidor. Entre as informações que interessam aos chineses estão o potencial de crescimento das compras on-line e como a concorrência se estabeleceu no país.
A expectativa é que, até o fim deste ano, a Temu deve fincar sua bandeira no Brasil, ampliando a competição com seus conterrâneos da Shein, Shopee e Aliexpress, mas também com a Amazon. Temu significa “Team Up, Price Down” (algo como “time para cima, preços para baixo”) — uma abreviação do lema da empresa.
Embora menor que o mercado chinês e dos EUA, o Brasil tem importância para essas plataformas pelo interesse do cosumidor brasileiro nos preços mais baixos oferecidos em relação ao varejo tradicional. Dados da NIQ Ebit, mostram que no ano passado, 72% dos usuários de e-commerce no Brasil compraram de sites internacionais. No período pré-pandemia, o percentual era de 58%.
Por isso, a chegada da Temu será observada com lupa pelos analistas de e-commerce. O valor das compras on-line chegou a R$ 190 bilhões no Brasil, no ano passado, um valor ínfimo se comprado aos US$ 1,2 trilhão que os chineses movimentaram.
Mas o que chama a atenção é que o crescimento médio das compras on-line tem sido de 30% ao ano no Brasil — só na pandemia a expansão foi de impressionantes 87%.
Uma fonte a par das tratativas da Temu no Brasil conta que o país é um mercado onde a empresa quer ter presença exatamente pelo potencial de crescimento. A plataforma, diz a fonte, tenta eliminar o máximo de intermediários, ligando o consumidor diretamente aos fabricantes.
As mudanças de regras que o governo federal está promovendo — compras de até US$ 50 estão isentas do imposto de importação (60%) se as empresas estiverem em conformidade com obrigações tributárias e pagam 17% de ICMS — já eram esperadas e não desestimulam a vinda da Temu, que quer se tornar umas das líderes do mercado brasileiro, diz a fonte.
Prateleira diversa
A Temu nasceu em 2022, e em seu primeiro ano de vida, atingiu um valor de vendas de US$ 2,3 bilhões. Não se trata de um site de moda: na prateleira dessa plataforma há pelo menos trinta categorias de produtos entre eles beleza e saúde, casa e jardim, joias e acessórios, eletrônicos, sapatos e bolsas, esportes e atividades ao ar livre, artigos para animais de estimação, produtos para escritório e, claro, moda.
A vantagem para o consumidor é a mesma oferecida pelos concorrentes: os preços são até 50% mais baixos do que no comércio tradicional.