O dólar operou em alta na última segunda-feira (7), em mais um início de semana marcado pela forte aversão ao risco em nível global. O foco dos investidores permanece, principalmente, sobre os dados da economia dos Estados Unidos, com uma perspectiva crescente de que o país deve enfrentar uma recessão em breve.
Nesta semana, a maior economia do mundo divulga sua inflação de julho, enquanto alguns dos dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) devem discursar ao longo dos próximos dias, trazendo novas sinalizações sobre os rumos das taxas de juros no país.
No cenário doméstico, o Banco Central do Brasil (BC) divulgou mais uma edição do Boletim Focus – relatório que traz a mediana das expectativas dos economistas do mercado para os principais indicadores econômicos. Entre os destaques, as projeções para a Selic, taxa básica de juros, caíram de 12% para 11,75% ao ano para o fim de 2023.
Às 11h10, a moeda norte-americana subia 0,69%, cotada a R$ 4,9084. Veja mais cotações.
Na última sexta-feira (4), o dólar teve queda de 0,48%, vendido a R$ 4,8747, mas encerrou a semana com alta expressiva. Com o resultado, a moeda passou a acumular:
- alta de 3,03% na semana;
- avanço de 3,08% no mês;
- recuo de 7,64% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
A semana começou com novas perspectivas de que os Estados Unidos podem passar por uma recessão econômica em breve.
Na última sexta-feira, o Departamento do Trabalho divulgou os dados de emprego do país em julho e, embora a maior economia do mundo tenha criado menos vagas de trabalho do que o esperado – 185 mil de uma projeção de 200 mil -, a massa salarial continua aquecida para a população, o que pode continuar pressionando a inflação.
Novos dados inflacionários serão divulgados nesta quinta-feira (10), mas membros do Fed já sinalizam que novas altas nos juros podem ser necessárias para continuar controlando o aumento dos preços, destacam os analistas do BTG Pactual.
Juros mais altos nos Estados Unidos atraem o dinheiro dos investidores para o país, tendo em vista que lá estão os títulos públicos considerados os mais seguros do mundo e, com taxas maiores, o retorno destes investimentos também aumenta.
Também contribui para o mau humor o pedido de falência da empresa de caminhões americana Yellow, uma das maiores do país. A empresa aderiu ao Capítulo 11, regra norte-americana que permite a empresa – com dificuldades financeiras – continuar funcionando normalmente, dando-lhe um tempo para chegar a um acordo com os credores.
O pedido de falência lista ativos e passivos estimados de US$ 1 bilhão a US$ 10 bilhões, com mais de 100 mil credores, e vem depois de um “socorro” de US$ 700 milhões prestado à companhia durante a pandemia.
No Brasil, o dia não tem grandes destaques, mas investidores repercutem os novos dados do Boletim Focus. Após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na última semana, em que a taxa Selic caiu 0,50 ponto percentual, a 13,25%, as projeções para os juros foram cortadas tanto para 2023 (em 11,75% ao ano) quanto para 2024 (em 9,00% ao ano).
Amanhã, o BC divulga a ata do Copom e o mercado terá mais sinalizações sobre o ciclo de queda nos juros iniciado na semana passada.
O Boletim Focus também trouxe revisões para as perspectivas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, subindo de 2,24% para 2,26%.
Por: G1