O pacote de corte de gastos do governo colocou o mercado brasileiro em uma panela de pressão: o dólar bateu os R$ 6 na máxima histórica, enquanto o Ibovespa renova uma série de mínimas e perde os 127 mil pontos. Na renda fixa, os juros futuros avançam.
Sem a bolsa de Nova York — que está fechada por conta do feriado de Ação de Graças nos EUA — o investidor digeriu as contenções de despesas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Em meio a um cenário de desconfiança, o dólar à vista bateu os R$ 6 na máxima histórica por volta de 11h30 da última quinta-feira (28) e acabou encerrando o dia em R$ 5,9895, uma alta de 1,29%. No ano, a moeda norte-americana acumula valorização de 23,5%.
O Ibovespa, por sua vez, fechou em queda de 2,40%, aos 124.610,41 pontos. Na mínima o dia, o principal índice da bolsa brasileira chegou aos 124.389,63 pontos.
Os juros futuros subiram, embora tenham desacelerado das máximas após o leilão do Tesouro antecipar a divulgação das ofertas de lotes de LTN e NTN-F, com volumes reduzidos. O objetivo foi conter a volatilidade do mercado por conta do risco fiscal.
Os investidores reagiram negativamente à coletiva de Haddad e, em especial, à proposta do governo de ampliar a faixa de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil.
A promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve comprometer o arcabouço fiscal, mesmo com a adoção das medidas de contenção de despesas anunciadas, segundo especialistas.
As ações que ganham e perdem na bolsa hoje
Entre as ações listadas no Ibovespa, poucas são as que operaram no azul nesta última quinta-feira (28). O destaque vai para as empresas frigoríficas, que operam em alta, em linha com a valorização do dólar.
Liderando a ponta positiva do principal índice da bolsa brasileira, JBS (JBSS3) avançou 3,35%, seguida por Suzano (+3%) e SLC Agrícola (+2,64%).
Do lado negativo do Ibovespa, os papéis do setor imobiliário lideram as perdas com MRV (MRVE3) caindo 14,10%, seguida de CVC (-13,38%) e de Lojas Renner (-10,16%).
O pacote de gastos
Após anunciar na noite de anteontem (27) o pacote de corte de gastos com uma economia fiscal da ordem de R$ 70 bilhões, na manhã de ontem, Haddad e a equipe econômica detalharam as medidas.
O pacote de contenção de gastos do governo federal terá um impacto econômico de R$ 71,9 bilhões entre 2025 e 2026 e de R$ 327 bilhões entre 2025 e 2030.
Na estimativa anual, as medidas de contenção de despesas terão um impacto de R$ 30,6 bilhões em 2025; R$ 41,3 bilhões em 2026; de R$ 49,2 bilhões em 2027; de R$ 57,5 bilhões em 2028; de R$ 68,6 bilhões em 2029; e de R$ 79,9 bilhões em 2030.
Antes de entrar na reunião com líderes no Senado, o ministro da Fazenda, disse que há expectativa de aprovação do pacote de corte de gastos ainda este ano.