Depois de anunciar o fechamento de 343 supermercados no Brasil, a rede espanhola Dia entrou com pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça de São Paulo nesta quinta-feira. Segundo o pedido, a dívida é estimada em R$ 1 bilhão, sendo R$ 268 milhões devidos a bancos.
Segundo a companhia, o pedido é válido apenas para a operação no Brasil e tem como objetivo “tentar superar sua atual situação econômica e financeira, em meio a um período de dificuldades da rede no mercado brasileiro”. O anúncio do fechamento das unidades em todos os estados brasileiros (exceto São Paulo) se deu, segundo a companhia, porque a operação não era rentável.
A empresa afirma que, desde a sua chegada ao Brasil, em 2001, tem feito investimentos no país, em um esforço que “não obteve o retorno esperado”.
No ano passado, o prejuízo chegou a R$ 830 milhões no Brasil. O grupo afirmou que esse resultado desencadeou o pedido de recuperação judicial, “como potencial para gerar mais estabilidade do Dia Brasil e buscando preservar o funcionamento de sua atividade econômica e o cumprimento de seus compromissos financeiros”.
Ao anunciar o fechamento da maior parte de suas 587 unidades no Brasil, o grupo afirmou que tratou-se de uma decisão estratégica, já que a companhia vem enfrentando persistentes resultados negativos. As unidades que serão fechadas são de “baixo desempenho”, segundo a companhia, e ainda não há prazo para o encerramento das atividades.
Concorrência aumentou
O Grupo Dia utiliza um modelo de mercados de proximidade, sendo um dos maiores desse segmento na Espanha. Nos últimos anos, enfrentou dificuldades com o aumento da concorrência. No Brasil, a rede enfrenta a concorrência da rede Oxxo, de origem mexicana, que se expandiu muito nos últimos anos no país, relatam especialistas, com preços competitivos.
No Brasil, a Oxxo é uma joint venture entre Femsa Comércio e Raízen Combustíveis e abre praticamente uma loja por dia, chegando perto de 400 no final do ano passado, com meta de chegar a 5 mil nos próximos anos. Tem 21 mil lojas em países como México, Chile, Colômbia e Peru.
Para Camila Crespi, especialista em reestruturação empresarial da Luchesi Advogados, um dos principais motivos da crise enfrentada pelo Grupo Di foi a expansão no Brasil dos atacarejos, um modelo de supermercado “cash and carry” que mescla características tradicionais do varejo e do atacado.
— Temos visto esse modelo crescer efetivamente nos últimos anos e varejistas menores, como supermercados de pequeno e médio porte estão sendo afetados diretamente — diz a especialista.
Foco na Argentina e Espanha
A Distribuidora Internacional de Alimentos, que é detentora do grupo Dia, deverá concentrar sua operação na Argentina e na Espanha, os dois principais mercados da empresa. Em São Paulo, o Dia tem 244 unidades e concentra sua operação, que tem apresentado números mais robustos.
Fonte: Época Negócios