Annalena Baerbock é ministra de Relações Exteriores da Alemanha (créditos: Welt)
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, fez um discurso em São Paulo nesta terça-feira (6) no qual afirmou que a guerra na Ucrânia é percebida de forma diferente na América Latina, mas que há consequências da invasão também no Brasil.
Ao falar da guerra na Ucrânia, a ministra disse que é preciso nomear o agressor (ou seja, a Rússia), e que o Brasil de fato fez isso na assembleia da ONU, mas ela também insinuou que falta compreensão maior sobre as consequências da guerra em outros países. “Quero dizer com toda clareza, a ameaça dessa guerra é percebida de forma diferente na América Latina do que na Europa”, disse ela.
Ela também vinculou eventuais desequilíbrios econômicos à guerra: “O ataque russo afetou os preços internacionais, e a segurança e o desenvolvimento não são contrários, são mutuamente dependentes, e se ignorarmos uma violação tão brutal, o livre comércio também não terá mais chances”.
A ministra também defendeu que o Conselho de Segurança da ONU seja ampliado para contemplar um representante da América Latina e um da África, uma das reivindicações que o presidente Lula tem feito em seus discursos sobre política internacional.
Meio ambiente e comércio
Em seu discurso, a ministra fez elogios às tentativas do governo brasileiro de controlar o desmatamento na Amazônia. Baerbock, líder do Partido Verde na Alemanha, teve uma reunião com a ministra Marina Silva em Brasília, no ínício do mês
Em São Paulo, ela deu a entender que os alemães querem que o Brasil desenvolva mais a indústria “verde”, como baterias de lítio e painéis solares –ela afirmou que o mundo é muito dependente da China para a produção de painéis solares, e que, em 2015, um incêndio em uma única fábrica chinesa implicou aumento de 50% dos preços desses painéis.
Ela afirmou que um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, como o que está sendo negociado, deve ter cláusulas ambientais e também sociais, relativos a proteção aos direitos dos trabalhadores, por exemplo.
A mensagem foi a mesma quando ela falou sobre o lítio: “Se conseguirmos garantir que o lítio seja extraído e processado no Brasil, tornaremos a produção mais independente, vamos gerar empregos, valor agregado e isso nos torna menos dependentes”.
Quem é Baerbock?
Baerbock é a líder do Partido Verde da Alemanha, que teve a terceira melhor votação nas eleições de 2021. O governo atual do país é formado por uma coalizão de três partidos:
- Partido Social Democrata, do premiê Olaf Scholz;
- Partido Verde, de Baerbock;
- Partido liberal.
O posto de ministra de Relações Exteriores é um dos mais importantes no país.
Ela contou que conheceu o presidente Lula na COP 27, em Sharm el-Sheikh, no Egito (uma reunião da ONU para discutir meio ambiente), em 2022 –Lula já tinha sido eleito, mas ainda não tinha assumido a presidência. “Quando encontrei o presidente Lula pela primeira vez, na COP do Egito, ele me disse que poderíamos falar sobre tudo, mas há um capitulo da história do Brasil e da Alemanha que ele gostaria de esquecer. Ele abriu o sorriso e disse ‘7 a 1′”, afirmou ela.
Lula e Scholz já se encontraram no Brasil
Scholz, o premiê alemão, estevem em Brasília no fim de janeiro. Na ocasião, Lula afirmou que o Brasil era um país de paz, e por isso não tinha vendido munição para o Ucrânia, como a Alemanha havia solicitado ao governo brasileiro.
Na ocasião, Lula também disse que é preciso mudar os termos do acordo comercial entre a União Europeia e o Brasil, que está sendo negociado.