Os brasileiros já têm bens no exterior que, juntos, somam R$ 1,1 trilhão, segundo dados da Receita Federal. Em 2023, 816,1 mil declarações incluíam bens lá fora, contra 263,5 mil há cinco anos. Ou seja, é um aumento de cerca de 200% em cinco anos.
Dos brasileiros que declaram bens no exterior, 48% têm ações de outros países, 15% têm fundos de índice (ETFs) lá de fora e 13% têm contas internacionais. Os demais bens, como veículos, terrenos, imóveis e participações societárias ficam abaixo de 5%.
“O volume cresceu bastante nesse tempo, especialmente depois de 2020, provavelmente reflexo das relações de trabalho e investimentos”, apontou José Carlos da Fonseca, supervisor nacional do programa do Imposto de Renda, em live sobre a lei 14.754, que entrou em vigor no ano passado e muda a tributação de bens no exterior.
O avanço dos investimentos dos brasileiros no exterior pode ser explicado em boa parte pelo avanço das contas internacionais oferecidas por corretoras e bancos brasileiros, como Avenue, XP, C6, BTG, Bradesco e Santander. Atualmente, por a partir de R$ 500, já é possível ter uma conta gratuita, sem taxa de manutenção ou anuidade, e investir em ativos negociados nas bolsas de valores lá de fora, como ações, ETFs e os fundos imobiliários americanos (REITs).
O acesso às contas de investimento internacionais foi ampliado por conta de uma maior competição e maior acesso às contas graças ao avanço da tecnologia, que diminuiu os custos do processo, antes limitado a clientes qualificados, com patrimônio na casa dos milhões. Um maior interesse dos investidores brasileiros também impulsionou esse movimento, especialmente a partir da grande valorização do mercado de ações americano em 2021, em um momento no qual as taxas de juros no Brasil estavam nas mínimas históricas de 2% ao ano.
Para Carlos Constantini, responsável pela divisão de gestão de fortunas do Itaú, em evento realizado pela Avenue no final do ano passado, o investimento no exterior saiu de uma situação ‘quase exótica’, passou por um período no qual era considerado uma aplicação de nicho e tem, agora, potencial para ocupar uma porção importante dentro da carteira do investidor brasileiro.
“É um amadurecimento natural do mercado. Não é modismo e nem arbitragem de câmbio. Você vai estar exposto ao risco, mas lá fora a diversificação é mais séria e um antídoto ao risco que se corre no Brasil”
No mesmo evento, em 30 de novembro, Roberto Lee, CEO da corretora americana, apontou que os investimentos de brasileiros lá fora poderiam chegar a R$ 1 trilhão nos próximos anos. Agora, ultrapassada essa barreira, acredita que possa rapidamente dobrar, e atingir R$ 2 trilhões. “Desde 2018 brasileiros têm finalmente descoberto a importância da diversificação internacional em uma categoria de investimentos que só acelera”, apontou, em um post no LinkedIn.
Fonte: Valor Investe