O bitcoin (BTC) opera em leve alta e tenta uma recuperação nesta sexta-feira (14) no final de uma semana marcada pelo aumento da incerteza do ponto de vista macroeconômico. Na última quarta (12), o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) acima do esperado nos Estados Unidos se juntou à continuidade da guerra comercial promovida pelo presidente Donald Trump para diminuir drasticamente a possibilidade do Federal Reserve (Fed) cortar os juros americanos ainda no primeiro semestre. As expectativas de retomada do ciclo de afrouxamento monetário foram adiadas de junho para setembro, mas nem isso é dado como certo mais.
Perto das 10h08 (horário de Brasília), o bitcoin sobe 0,8% em 24 horas, cotado a US$ 96.657 e o ether, moeda digital da rede Ethereum, tem alta de 1% a US$ 2.688, conforme dados do CoinGecko. O valor de mercado somado de todas as criptomoedas do mundo é de US$ 3,34 trilhões. Em reais, o bitcoin opera estável a R$ 555.244, de acordo com valores fornecidos pelo Cointrader Monitor.
Entre as altcoins (as criptomoedas que não são o bitcoin), o XRP, token de pagamentos internacionais da Ripple, dispara 10,8% a US$ 2,70. Já a solana avança 3,1% a US$ 196,94 e o BNB (token da Binance Smart Chain) vai na contramão e registra desvalorização de 5,6% a US$ 665,50.
Nos fundos negociados em bolsa (ETFs) de bitcoin à vista negociados nas bolsas americanas, ontem foi registrado um saldo líquido negativo de US$ 156,8 milhões, chegando a quatro pregões consecutivos de saída de capital. Os principais responsáveis pelo fluxo negativo foram o FBTC, da Fidelity, com US$ 94,5 milhões de excesso de vendas de cotas em relação às compras e o ARKB, da Ark Invest, com US$ 52,7 milhões. Já entre os ETFs de ether, o dia foi de um fluxo positivo de US$ 12,8 milhões. Quem impulsionou os números foi o ETHA, da BlackRock, que respondeu por US$ 12 milhões em entradas.
Segundo Vinicius Bazan, CEO da Underblock, a semana foi mais parada tirando os dados de inflação e o mercado está atualmente em modo de “espera”. “Não tem nenhuma grande narrativa neste momento para puxar os preços e também não tem nada muito pesado. As altcoins acabam perdendo a atratividade por não ter muito volume, mas o bitcoin fica lateralizando em modo de consolidação. Agora é aguardar pelo próximo catalisador”, afirma.
Para Beto Fernandes, analista da Foxbit, apesar do bitcoin ter zerado os ganhos na véspera com a divulgação do crescimento de 0,4% no Índice de Preços ao Produtor (PPI) dos EUA – acima da expectativa mediana dos economistas, que era de um aumento de 0,3% –, o comportamento do mercado mostra que os investidores não digeriram tão mal assim o indicador. “As expectativas para um corte de juros, de fato, não eram das mais altas, afugentando uma parcela muito pequena do mercado dos ativos de risco”, avalia.
Fernandes destaca que enquanto o varejo liquida posições e os ETFs começam a ver saídas, as chamadas baleias (carteiras com grandes quantidades de criptomoeda) agora “acumulam a queda”. “Na semana passada, o volume de compras chegou aos US$ 3,8 bilhões. De certa forma, isso aponta para uma percepção de otimismo por parte desse grupo de grandes players do mercado.”