Interligado com outros empreendimentos, como a Ferrovia Transnordestina e o Hub de Hidrogênio Verde, o Porto aumenta a movimentação de cargas e terá Terminal de Tancagem
Com 22 anos de existência, o Porto do Pecém tem sido cada vez mais fundamental para o desenvolvimento econômico, social e tecnológico do Ceará. Nos últimos anos dessas mais de duas décadas, o terminal tem transformado a pauta exportadora cearense, sendo responsável, atualmente, por mais de 80% da movimentação total de cargas no setor portuário do Estado.
Com mais de 90 milhões de toneladas de cargas movimentadas nos últimos cinco anos, o Porto do Pecém, integrante do Complexo Industral e Portuário do Pecém (CIPP), junto com a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará e a área industrial, vai se tornando agente direto para a transição energética nacional, através do Hub de Hidrogênio Verde, que conectará o mercado local com o Porto de Roterdã, o maior terminal portuário da Europa.
Para concretizar o Hub de Hidrogênio Verde, o Pecém projeta um investimento de R$ 2,2 bilhões até 2028. A estimativa inclui recursos da CIPP/SA e também de empresas: R$ 1 bilhão desse total deve ser aplicado pelo Complexo e os outros R$ 1,2 bilhão de responsabilidade das empresas de utilidade instaladas no Pecém, incluindo energia elétrica, água de reuso e outros segmentos ligados à infraestrutura de apoio para hidrogênio verde e amônia.
Além desses investimentos, o Porto do Pecém terá, em breve, a entrega da Transnordestina como um meio de transportes de suas cargas e barateamento dos produtos exportados e importados. A ferrovia é considerada estratégica para o transporte de vários produtos, o que irá ajudar a movimentar a economia cearense e regional. Recentemente, o Governo do Estado assinou aditivo e ordem de serviço, junto a União, no valor de R$ 3,6 bilhões para o seguimento das obras do empreendimento em território cearense.
Nesse contexto, o Porto do Pecém tem uma movimentação de contêineres, em sua série histórica, de 3.053.190 TEU´s. Se for feito um comparativo entre 2015 e 2023, foi de 167,7%.
Parceria com Roterdã
A participação holandesa no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) envolve investimento de 30% nas ações da companhia. O acordo contou com aporte estrangeiro de cerca de 75 milhões de euros (à época, R$ 323 milhões) por 30% das ações da CIPP S/A. Ficou acordado que o Porto de Roterdã teria a gestão compartilhada sobre as decisões e posições estratégicas e de investimento no conselho de administração, no conselho de supervisão e no nível gerencial. A operação não envolveu venda de ativos e o Estado manteve o controle e propriedade ou posse de todos os seus ativos.
Inovações
Em 2021, o Governo do Ceará, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), o CIPP, a Universidade Federal do Ceará (UFC) e Complexo do Pecém (CIPP S/A), assinaram o memorando de entendimentos para a criação do Hub de Hidrogênio Verde e de Políticas voltadas para o desenvolvimento econômico sustentável.
Dois anos depois, em 2023, era produzida a primeira molécula de H2V no Ceará, pela EDP Brasil, uma das empresas instaladas na área industrial do Complexo do Pecém. Neste mesmo ano, Governo do Ceará e Países Baixos firmavam parceria para impulsionar produção e exportação de hidrogênio verde, formando um corredor de H2V.
Com o estabelecimento de empresas e os memorandos assinados, a região do CIPP tem quase 55 mil trabalhadores admitidos com carteira assinada, considerando o 1º semestre de 2024, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), impulsionando trabalho e renda para os cearenses.
Terminal de Tancagem
A mais recente inovação no Porto do Pecém se deu já neste mês de dezembro, com a parceria firmada entre Governo do Ceará e Grupo Dislub Equador, que detalharam o projeto do Terminal de Armazenamento e Distribuição de Combustíveis (tancagem) do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).
A obra será estratégica diante da necessidade de mudança da tancagem do Porto do Mucuripe, em Fortaleza, para outro local que permita segurança operacional e expansão. O projeto se somará a outros empreendimentos interligados ao Complexo do Pecém, como a ferrovia Transnordestina, que deve dobrar a movimentação de cargas, e o Hub de Hidrogênio Verde, com previsão de investimento de US$ 24 bilhões.
O investimento no Terminal de Tancagem será de R$ 430 milhões na primeira fase, sendo R$ 343 milhões financiados pelo Banco do Nordeste (BNB). A expectativa é que sejam gerados 500 empregos durante a obra e 100 durante a operação. A obra terá início em janeiro de 2025, com previsão de entrada em operação para agosto de 2027.
O projeto será executado pela Terminais Marítimos do Brasil S.A. (TMB), empresa do grupo pernambucano Dislub Equador, que tem mais de duas décadas de atuação no Norte e Nordeste do País. Sérgio Lins, presidente da Dislub, destacou o diferencial do novo terminal.
A proposta do terminal contempla tanques para receber combustíveis derivados de petróleo (gasolina, diesel S10 e querosene de aviação), biocombustíveis (biodiesel B100, etanol anidro e hidratado), BTX e alcatrão. A estrutura contará com uma área construída de 130 mil metros cúbicos na primeira fase, com capacidade para chegar a 220 mil metros cúbicos, reforçando a capacidade de armazenamento e distribuição de combustíveis da companhia no Nordeste.
Estrutura
Parte fundamental do Complexo do Pecém, uma joint venture formada pelo Governo do Ceará e pelo Porto de Roterdã, o Porto do Pecém e sua profundidade natural, com 14 a 15,4 metros de calado, foi projetado como um terminal offshore, levando em consideração o que há de mais moderno em termos de segurança para portos desse tipo, garantindo também o espaço necessário para futuras ampliações a longo prazo.
O Porto do Pecém é um terminal multicargas por movimentar granéis sólidos, granéis líquidos, contêineres e cargas em geral nos 10 berços que possui. Na cadeia logística do transporte marítimo, é considerado um Hub Portuário – hoje conectado por sete linhas de cabotagem e três de longo curso.
No complexo, será criado um corredor de utilidades compartilhado para o Hub de Hidrogênio Verde. É nele onde vão circular os dutos de amônia, gás natural, hidrogênio, água e a rede de energia elétrica. Essas obras terão investimento de US$ 135 milhões e tiveram o edital lançado em outubro de 2024.
A licitação internacional faz parte do programa “Pecém Verde” e tem financiamento de US$ 90 milhões do Banco Mundial, US$ 35 milhões do CIF (Climate Investment Funds) e contrapartida de US$ 10 milhões da CIPP S/A, empresa que administra o Complexo do Pecém. A duração prevista da obra é de 40 meses.