De acordo com dados divulgados pela B3 no Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta sexta-feira, 8 de março, entre 2018 a 2023, o número de mulheres investidoras registrou um aumento de 658%, passando de 165,3 mil para 1,2 milhão. Esse crescimento superou alta nos investidores do sexo masculino, que foi de 553%, indo de 569 mil para 3,7 milhões no mesmo período. Apesar desse notável avanço, a participação das mulheres no total de investidores estabilizou em torno de 25%.
Com o objetivo de impulsionar esses números, a B3 está empenhada em elevar a representatividade feminina em conteúdos, entrevistas e nas plataformas de redes sociais. Além disso, Christianne Bariquelli, superintendente de Educação da B3, anunciou em uma coletiva de imprensa que a Bolsa também está focada em promover a presença das mulheres em cargos de liderança nas empresas listadas.
O montante inicial investido por mulheres sempre ultrapassou mais do que o dobro do valor que os homens investem, em média. Em 2018, as mulheres começavam com R$ 3.547, enquanto os homens iniciavam com R$ 2.028. Em 2023, esses valores diminuíram para R$ 163 para as mulheres e R$ 62 para os homens. O saldo médio das mulheres investidoras ao iniciar no ano é quase três vezes superior ao dos investidores. Em 2018, o saldo médio delas era de R$ 73,9 mil, enquanto o dos investidores era de R$ 41,4 mil. Entretanto, em 2023, houve uma redução, chegando a R$ 26 mil para as mulheres e R$ 9,8 mil para os homens. Bariquelli destacou que as mulheres tendem a se preparar mais antes de ingressar no mercado financeiro, dedicando um tempo maior para aprendizado e economizando antes de realizar seu primeiro investimento na bolsa.
As investidoras optam majoritariamente por ações como suas escolhas principais em aplicações financeiras de renda variável. No entanto, entre os investimentos na bolsa, os fundos imobiliários se destacam como a categoria que mais cresceu entre as mulheres. De 2022 a 2023, houve um aumento de 19% nos investimentos femininos nesse setor. A superintendente acrescentou que as mulheres têm uma preferência por previsibilidade, e apesar da variação na cota dos fundos imobiliários, existe uma regularidade nos pagamentos de dividendos.
Necessidade de saber tudo
Rachel de Sá, economista-chefe da Rico, plataforma de serviços financeiros da XP, iniciou uma pesquisa para determinar se as mulheres realmente demonstravam uma aversão maior ao risco em investimentos em comparação aos homens. Como parte da dissertação de seu mestrado, ela analisou diversos modelos de carteiras, focando na perspectiva da volatilidade. Suas conclusões confirmaram que essa questão não era apenas um mito. Contudo, a economista está otimista após notar que essa dinâmica está gradualmente passando por transformações.
Ao integrar a experiência acadêmica com a prática profissional, a economista identificou um aspecto comportamental crucial. Ela observou que as mulheres muitas vezes se impõem a exigência de compreender completamente um assunto antes de realizar um investimento. Esse comportamento, por sua vez, as afasta de opções mais vantajosas em comparação a simplesmente manter o dinheiro na poupança.
De acordo com Rachel, as mulheres conseguiram superar a barreira de ingressar no mercado de trabalho e a discussão em torno da desigualdade salarial e da equidade está ganhando força. Entretanto, é necessário abordar a ideia de que, além de ganhar dinheiro, as mulheres também devem ter um cuidado maior em relação a ele.
Gerenciamento de riscos
Existem diversas abordagens para avaliar riscos, e gestores, analistas de mercado, instituições financeiras e consultores independentes empregam múltiplos métodos para determinar a adequação de uma estratégia ao perfil do investidor, bem como para avaliar a viabilidade de determinados produtos de investimento.
Em um podcast sobre gestão de riscos com as sócias do Ápice Investimentos, Milena Teles e Mariuchi Uzeda, foi reforçado a necessidade de, a partir do momento em que você começar a captar receita, seja qual for a fonte, ter o compromisso com si mesma quando passar a investir e sempre pensar nas possibilidades do que pode acontecer no futuro. Sofrer acidentes, descobrir doença grave, ter algum tipo de prejuízo – é necessário observar a sua condição financeira no momento, e partir disto, pensar na resposta da pergunta: Qual é o compromisso que eu vou ter comigo para o meu futuro?
Milena destacou a importância de uma assessoria, que é fornecida na Ápice, para decidir a melhor forma de gerenciar seus riscos. Ela também ressaltou que, muitas vezes, quando ganhamos nosso primeiro salário, fazemos muitos gastos sem planejamento. Antes disso, é importante definir o seu percentual de investimento consigo mesma, como já citado, para estabelecer reservas de emergência e garantir um bom futuro sem que esses gastos “desnecessários” atrapalhem. Segundo Mariuchi, este percentual, geralmente, fica entre 5 e 15% do seu patrimônio.
Sororidade
Carol Paiffer, investidora do Shark Tank, palestrante e especialista em bolsa de valores, destacou em um artigo para o E-Investidor que as mulheres continuam a enfrentar desafios ao adentrar os cenários de investimentos e negócios. Esses desafios incluem estereótipos de gênero, a falta de acesso a redes de apoio, além de discriminação e obstáculos familiares.
Segundo Paiffer, as mulheres fortes têm um papel crucial ao fornecer orientação, apoio e recursos para suas colegas, ajudando-as a superar esses obstáculos. Esse suporte pode envolver desde aconselhamento em estratégias de investimento até a partilha de experiências pessoais e profissionais. Em vez de encarar outras mulheres como concorrentes, é preciso vê-las como aliadas e parceiras em uma jornada conjunta em direção ao sucesso. Essa abordagem cria um ambiente mais inclusivo e solidário, oferecendo a todas a oportunidade de prosperar, fomentando uma cultura de colaboração e apoio mútuo.
Carol reforçou que a maneira como as mulheres estão compartilhando seu conhecimento e experiência entre si é uma das melhores partes dessa cultura. Segundo ela, é possível notar a expansão de grupos e comunidades focados no empoderamento feminino no mercado financeiro, proporcionando um espaço onde mulheres de diversas origens podem se conectar, trocar aprendizados e oferecer apoio mútuo em suas jornadas de investimento.
Campanha na Wise Investimentos
Na quarta-feira (6), a Wise Investimentos, parceira de assessoria do BTG Pactual, lançou a campanha “Mulheres em Foco: Desafios e Oportunidades no Mercado Financeiro” com o propósito de aumentar a presença feminina no cenário financeiro brasileiro. A campanha abrange a abertura de um processo seletivo exclusivo para mulheres, com o intuito de impulsionar a igualdade de gênero e promover um ambiente inclusivo no setor.
As interessadas em participar do processo seletivo podem realizar a inscrição em https://conteudosmonitordomercado.com.br/dia-da-mulher/.