A temporada de balanços do 1º trimestre do ano das empresas americanas está chegando ao final: mais de 400 das empresas do S&P 500, o índice das 500 maiores companhias americanas, já reportaram seus lucros, que correspondem a mais de 83% do total.
Os 17% de resultados que faltam serão anunciados até o fim do mês, com destaque para a Nvidia, uma das sete ações magníficas (grupo de grandes empresas de tecnologia). A fabricante de chips para inteligência artificial divulgará seu resultado no dia 22 de maio.
Analistas do Bank of America (BofA) resumem o primeiro trimestre do ano até segunda-feira (6), como “forte”. No período, o lucro por ação registrou alta de 2% em relação ao trimestre anterior, em linha com as expectativas, e avanço de 6% com relação ao mesmo período do ano passado.
Todos os segmentos, exceto Saúde, superaram as estimativas de lucro. Já as vendas ficaram aproximadamente em linha com a expectativa.
Investimentos
Os investimentos do primeiro trimestre cresceram 8% em relação ao ano anterior e 4% em relação ao trimestre anterior.
Todos os setores, exceto Saúde, que registrou queda de 4%, e Tecnologia, que ficou estável; aumentaram investimentos em relação ao ano anterior. Como a projeção e revisões de gastos de capital foram fortes, a perspectiva para 2024 foi revisada para cima em dois pontos percentuais.
Microsoft, Amazon, Google e Meta adicionaram US$ 16 bilhões em investimentos previstos para 2024, somando US$ 193 bilhões. É um avanço de 31% em relação ao ano anterior.
Projeções
As perspectivas de crescimento para o 2º semestre de 2024 subiram para 12% em relação ao ano anterior contra avanço anual de 7% no 1º semestre por conta de um ciclo virtuoso que se formou a partir de investimentos em inteligência artificial, concluem os analistas.
Excluindo as sete ações magníficas, as comparações são similares ao 1º semestre (2% em relação ao ano anterior no 2º semestre de 2023 contra queda de 1% no 1º semestre de 2023).
Embora seja o nível mais forte desde outubro de 2023 e represente o segundo mês seguido de melhora, a temporada de ganhos do 1º trimestre é sazonalmente mais forte para projeções.
Perspectivas
No período, a recuperação dos lucros foi impulsionada por margens melhores. Agora, os analistas do BofA acreditam que a próxima etapa do ciclo de crescimento dos lucros será liderada pelo crescimento real das vendas, que começou a melhorar no 1º trimestre. No período, o crescimento foi de 3%, contra avanço de 1% no 4º trimestre de 2023. Historicamente, o crescimento do volume se traduz em margens melhores.
O segmento de bens e manufatura, que representa metade dos lucros do S&P 500, está normalizando em relação ao setor de serviços. A mudança pós-pandemia de consumo de bens para o consumo de serviços foi um dos motivos para a queda dos lucros no 1º semestre de 2022, apesar de uma economia forte. “Vemos sinais de que o segmento (de bens e manufatura) está saindo de uma longa recessão”, apontam, no relatório.
Sete Magníficas
As Sete Ações Magníficas registraram crescimento de 63% dos lucros em relação ao ano anterior, impulsionando o crescimento do S&P 500. Excluindo esse grupo de ações de alto crescimento, o desempenho do índice fica estável em relação ao ano anterior.
Uma das razões pelas quais as grandes empresas de tecnologia registram uma recuperação dos lucros antes das outras empresas é porque também passaram primeiro por uma queda nos lucros, o que as levou a cortarem custos mais cedo.
No acumulado do ano, as demissões na área de tecnologia diminuíram de forma relevante, mas aumentaram fora da área. Por conta disso, os analistas esperam que os esforços levem a uma melhoria nas margens de empresas fora do setor de tecnologia em 2024-25.
A partir de agora, é esperado que os lucros das ações de grandes empresas de tecnologia desacelerem, enquanto os lucros das outras 493 empresas devem avançar.
Fonte: Valor Investe