Tema bastante veiculado hoje em dia, ESG (Environmental, Social and Governance) se tornou matéria praticamente obrigatória na gestão responsável e holística pelas empresas interessadas em demonstrar que suas atividades podem ser focos preferenciais de investimentos.
A governança ambiental, social e corporativa (ESG) é uma abordagem para avaliar até que ponto uma corporação trabalha em prol de objetivos sociais e ambientais (Figura 1), além do papel de maximizar lucros aos acionistas. Para tanto, é necessário que sejam realizadas avaliações mensuráveis das ações da corporação, pois, sem medir é impossível atuar na gestão das questões de interesse.
Como trata-se de tema abrangente, neste artigo se deu ênfase a uma breve reflexão sobre as questões do gerenciamento de áreas contaminadas (GAC), e como estas podem influenciar na abordagem ESG, e qual o potencial de uso da modelagem matemática nesta.
O GAC é um tema controverso nas corporações, pois sua existência no processo das empresas se torna um passivo, e que representa influência direta nas suas finanças, contabilidade, gestão e no balanço patrimonial, muitas vezes na sua imagem. Em adição a essa perspectiva, as disciplinas competentes ao GAC e a metodologia de investigação ambiental apresentam incertezas, e a sua quantificação é um grande desafio, tanto técnico quanto de comunicação aos diversos stakeholders tipicamente envolvidos no processo de GAC.
A modelagem matemática aplicada ao GAC atualmente vem sendo limitada à avaliação preditiva do comportamento de contaminantes e da remediação, incluindo aqui a possibilidade dos contaminantes atingirem receptores e recursos naturais, a estimativa de áreas de restrição de uso dos recursos subterrâneos, entre outras funções, todas associadas à questões referentes aos riscos à saúde humana, menos frequentemente ecológica, e com uma abordagem bastante técnica e multidisciplinar, um pouco “míope”, em se tratando do uso de modelos robustos para tal fim.
Tal miopia se dá inicialmente pelas incertezas já mencionadas, e pela falácia de que um modelo matemático não representa a realidade por ter suas limitações e suposições, por não contemplar todas as variáveis envolvidas no comportamento dos contaminantes. É aqui que já cabe uma pergunta: Com a abordagem atual de investigações e tecnologias existentes, conseguimos de fato medir, e até mesmo conhecer, todas as variáveis envolvidas? A segunda pergunta, analógica, serve para reflexão técnica: os modelos matemáticos usados amplamente nas previsões econômicas, conseguem considerar todas as abordagens, variáveis, possibilidades em suas análises? Ora, também há incertezas nos modelos matemáticos aplicados em outras áreas.
Desmistificado este fato, então, a primeira reflexão deste artigo é entender onde, na abordagem ESG, há potencial impacto da existência de áreas contaminadas. E, por isso, ao consultar ORÉ Inovação & Impacto Social (2020), verifica-se os seguintes potenciais impactos, para cada uma das letras da abordagem ESG, não restritas a essa:
- Ambiental (E): Uso de Recursos (estimativa de tempo de gestão do passivo; definição das melhores práticas de gestão dos recursos a serem investidos na recuperação/compensação ambiental; estimativa de volume de aquífero impactado, ou seja, o quanto de recurso está deixando de estar disponível para uso pela sociedade e próximas gerações) e Poluição (stimativa de tempo de gestão do passivo; estimativa de volume de aquífero impactado);
- Social (S): Saúde e Segurança (previsão do potencial de riscos aos receptores; auxiliar na elaboração do plano de comunicação de riscos); Impacto na Comunidade (avaliação de potenciais comunidades/receptores ecológicos que possam estar expostos aos contaminantes; auxiliar na elaboração do plano de comunicação de riscos; previsão do potencial de riscos aos receptores; estimativa de tempo de gestão do passivo; definição de custos associados à proteção aos receptores); e
- Governança (G): Gestão de Riscos (previsão do potencial de riscos aos receptores; estimativa de tempo de gestão do passivo; auxiliar na elaboração do plano de comunicação de riscos); Transparência Fiscal (quantificação monetária do passivo ambiental (relação direta com o balanço da empresa e lucros – ex. na Figura 2); Direito dos Acionistas (definição da melhor gestão dos recursos a serem investidos na recuperação/compensação ambiental; definição de custos associados com a proteção aos receptores; quantificação monetária do passivo ambiental).
Com base nesta reflexão, pode-se entender que a modelagem matemática é uma ferramenta que, com a quantificação das questões relacionadas ao GAC, podem trazer impactos significativamente positivos para a governança corporativa, uma vez que possibilita o dimensionamento das questões ambientais, sociais e financeiras de um passivo ambiental relacionado a uma área contaminada.
Também traz melhores abordagens para a gestão dos recursos necessários para a proteção dos receptores e a remediação das áreas degradadas, assim como permite a definição de métricas referentes aos passivos que uma empresa possui, com transparência na avaliação financeira e contábil da corporação, deixando mais confortáveis os acionistas, a sociedade e os órgãos reguladores.
Se você quer saber mais sobre como usar modelos matemáticos aplicados ao GAC, para ajudar as empresas na abordagem ESG, entre em contato pelo e-mail [email protected].
Artigo: Marcio Alberto