A Binance está de olho nas várias oportunidades que o mercado de tokenização de ativos tradicionais pode oferecer no Brasil com a implementação do Real Digital pelo Banco Central, é o que apontou em uma entrevista exclusiva para o Cointelegraph, o Vice-Presidente Regional para a América Latina, Min Lin.
Lin destacou que a Binance sempre está atenta aos desenvolvimentos do mercado de criptomoedas, ainda mais no Brasil que é um dos principais mercados para a exchange e, diante disso, não poderia estar alheia aos avanços do BC com relação ao CBDC nacional e o ecossistema regulamentado de tokenização que pode ser habilitado já no ano que vem com seu lançamento.
No entanto, Lin destacou que a essência da Binance é ser uma plataforma de criptomoedas, na qual os usuários podem negociar, operar e custodiar seus criptoativos.
“O setor de tokenização e CBDCs está crescendo em todo o mundo. Em especial no Brasil há um modelo bem interessante e diferente que é um CBDC de atacado que deve permitir a população acessar um ecossistema de tokenização. Somos, em essência, uma plataforma para negociação de criptomoedas.
O Real Digital, assim como outras CBDCs são parte de uma grande inovação que vem se desenvolvendo e estamos observando tudo isso buscando entender como estas inovações se encaixam em nosso perfil de negócio. No entanto, queremos sempre manter nosso foco que é ser uma plataforma segura para os usuários negociarem e custodiarem criptoativos”, disse.
O executivo também destacou a importância dos bancos, principalmente no Brasil, entrando no mercado de criptoativos, como foi o caso do Nubank, Itaú, BTG, Inter e Mercado Pago.
Ele disse que isso faz o mercado crescer na totalidade e que não há uma concorrência direta entre bancos e exchanges, ainda mais tendo em vista que boa parte dos bancos entrou e deve entrar no mercado cripto usando serviços de empresas de criptomoedas como é o caso da Paxos com bancos nacionais.
“Isso tudo faz o mercado crescer, no entanto, nós temos nosso modelo de negócios e oferecer serviços de crypto-as-a-service não é o que queremos fazer. Vamos promover educação sobre criptomoedas para cada vez mais pessoas e com isso todos nós vamos crescer”, afirmou.
O VP para América Latina da Binance também comentou a possível implementação do sistema de segregação patrimonial pelo Banco Central do Brasil e destacou que a empresa também está atenta ao movimento e preparada para fazer as adequações necessárias que o regulador determinar.
“Mantemos um canal ativo de conversas com o Banco Central do Brasil para entender quais serão os requisitos a serem implementados. Valorizamos e respeitamos como operamos em cada uma das jurisdições, e se houver tais requisitos de segregação patrimonial no Brasil não vamos adotar, vamos desenvolver e encontrar soluções para fazer isso e cumprir com a legislação”, apontou.
Momento chave para a Binance
Comentando sobre os recentes acontecimentos envolvendo Binance, SEC e outros reguladores pelo mundo, Lin, disse estar confiante de que o FUD vai passar e será essencial para ilustrar que a Binance é uma plataforma segura e na qual as pessoas podem confiar.
Ele destacou que em diversos momentos no passado houve uma ‘corrida’ de saques na Binance por conta de notícias negativas no mercado, no entanto, a exchange não enfrentou problemas com isso e conseguiu cumprir com todas as operações, garantido o acesso das pessoas a seus ativos.
“Estes momentos são testes de stress no qual passamos sem problemas o que demonstra que a Binance é segura e que os ativos estão transparentes. Além disso, enquanto diferentes regulamentações são implementadas nas jurisdições nas quais trabalhamos, estamos adequando nossa plataforma para atender a cada requisito, garantido aos nossos usuários um ambiente seguro”, afirmou.
Além do Brasil, Lin destacou que a Binance foca suas ações na América Latina, na Argentina, Colômvia Equador e México, países no qual a adoção das criptomoedas vem crescendo e há um ecossistema forte de inovação. Contudo, entre as nações, o Brasil lideram em aceitação, envolvimento e aprendizado sobre criptomoedas.
“Tenho um respeito e admiração enorme pelo Brasil e por gostar dos governos brasileiros, bem como dos reguladores, na maneira como são tão inovadores, acho que o Brasil vai liderar a implementação da economia digital na América Latina. Hoje mesmo muitos players globais estão deixando de olhar para os EUA para olhar para a o Brasil como referência em adoção e implementação da economia digital. Há muito aprendizado para absorver aqui que também é o maior mercado cripto da América Latina”, afirmou.
Sobre o possível crescimento do mercado de criptomoedas na Ásia com uma adoção maior em Hong Kong, Lin afirmou que há muito interesse por criptomoedas na Ásia e que esse é um avanço para todo o mercado, porém é difícil dizer se o fato pode ou não impactar no preço dos criptoativos.
“Se eu pudesse prever preço, eu estaria rico agora” comentou destacando que ele tomou conhecimento sobre o Bitcoin muito antes do criptoativo chegar a US$ 1.000, mas assim como muitas pessoas, não comprou a tempo do Bull Run.
Lin também destacou que há um crescimento em todos os segmentos de investidores no mercado de criptomoedas no Brasil. Os investimentos tanto pessoas físicas como instituições tem crescido em média 40% no país, movimento que, segundo ele, tem crescido devido à liberdade que há nas criptomoedas.
“Criptomoedas são a liberdade do dinheiro. Você pode acessar um ecossistema com apenas US$ 1, coisa impossível no mercado tradicional.
Os jovens entendem o quão poderosa essa tecnologia é e quanto mais cedo eles entrarem, quanto mais cedo tiverem acesso à educação e entenderem sobre blockhain e seus benefícios, então teremos um ecossistema cada vez mais forte para todos, para nossos concorrentes, para os que gostam da Binance e para os que não gostam. O mercado crescendo todos vão se beneficiar e este é nosso foco”, finalizou.