Recentemente, o site Crosscut revelou a alarmante situação de contaminação associada aos postos de combustíveis no estado de Washington.
A contaminação do solo e das águas subterrâneas é um assunto sério e que exige nossa atenção constante, pelo fato desta ser literalmente invisível aos olhos da sociedade em superfície. É por isso que abordo um problema que está ocorrendo próximo a nós — os vazamentos de substâncias tóxicas provenientes de postos de combustíveis.
O risco que alerto é pelo fato de existirem postos de combustíveis pelas cidades, muitas vezes mais de um em cada esquina ou cruzamento de ruas e avenidas, estando presentes a poucos metros de nossas casas, ou seja, os postos de combustíveis fazem parte do nosso cotidiano, sendo uma fonte significativa de contaminação dos solos e das águas subterrâneas. Se você fizer uma pesquisa no cadastro de áreas contaminadas e reabilitadas do Estado de São Paulo, realizado pela CETESB, vai verificar que a maior parte dos contaminantes mapeados pelo cadastro estão relacionados à hidrocarbonetos derivados de petróleo.
De acordo com o artigo da Crosscut, é feito um alerta em relação à segurança da água consumida nos Estados Unidos da América, onde registrou-se que parte dos postos de combustíveis nos Estados Unidos ainda apresentam algum tipo de vazamento, representando um perigo real para a sociedade. A contaminação decorrente desses vazamentos pode levar anos ou décadas para ser percebida e seus efeitos negativos serão sentidos tanto pelas gerações atuais quanto pelas futuras.
Sempre desejamos viver em uma sociedade saudável e sustentável, e isso exige ações de prevenção e mitigação de impactos, incluindo aqui as contaminações provenientes dos postos de combustíveis. É essencial que sejam implementadas medidas de monitoramento e controle mais rigorosas, além de planos de remediação adequados para minimizar os danos já causados.
Apesar da sociedade em sua evolução causar impactos, felizmente, também usamos nossa inteligência para criar soluções para remediar esses impactos.
As ações e procedimentos do gerenciamento de áreas contaminadas têm como objetivos minimizar ou eliminar a contaminação em postos de combustíveis, sempre visando à proteção das pessoas que usam as áreas impactadas e recuperar o meio ambiente.
Profissionais especializados em gerenciamento de áreas contaminadas, têm conhecimento e experiência para desenvolver estratégias eficazes para a correta gestão desses impactos, e lançam mão de ferramentas para auxiliar na tomada de decisão.
Uma dessas ferramentas é a modelagem matemática que permite o entendimento do comportamento dos contaminantes no solo e nas águas subterrâneas, considerando dados dos contaminantes, características do solo e as condições hidrogeológicas e meteorológicas locais. As modelagens têm a capacidade de simular o transporte e a dispersão dessas substâncias, e verificar o potencial de atenuação destas substâncias naturalmente.
Ou seja, se é possível prever o comportamento dos contaminantes, incluindo aqui ações de intervenção, no tempo e no espaço, a ferramenta nos ajuda a tomar decisões sobre as melhores estratégias de remediação. Com isso, são priorizados os recursos a serem aplicados para a minimização e a eliminação dos impactos ambientais.
A modelagem pode ser utilizada principalmente quando há previsão de mudança de uso da área, considerar cenários futuros com condições climáticas distintas e até mesmo as diferentes tecnologias de remediação e avaliar a potencial evolução da remediação e quando é o momento de substituir a tecnologia ou de iniciar o período de monitoramento.
Um modelo bastante utilizado para a avaliação do potencial de atenuação natural de hidrocarbonetos derivados de petróleo é o Bioscreen. Se baseia no modelo analítico de transporte de soluto de Domenico, com a capacidade de simular os processos de advecção, dispersão, adsorção, decaimento aeróbico, e reações anaeróbicas para avaliar os processos de atenuação de áreas com contaminação por derivados de petróleo.
Há muitos outros modelos a serem considerados, até mesmo o MODFLOW, e quanto mais complexo o modelo vai ficando, mais variáveis e informações em campo necessitam ser coletadas, e decidir pelo modelo vai depender da complexidade do modelo conceitual da área, das informações disponíveis, e ainda de quanto se pretende investir na previsão do comportamento do contaminante, para que as ações de intervenção possam ser implementadas com base em análises preditivas mais precisas.
Se você mora ou convive com postos de combustíveis, além de apoiar essa iniciativa, procure maiores informações sobre as áreas que estão ao seu redor, consultando a lista de áreas contaminadas e reabilitadas da sua cidade ou estado. Caso não exista essa lista, procure a Secretaria de Meio Ambiente do seu município e exija informações sobre o gerenciamento de áreas contaminadas. Se não tiver resposta, procure o político que você votou e exija dele que brigue por essa causa, com certeza será mais valioso do que dar nome a ruas.
Ainda, se você suspeitar da existência de contaminação em um posto de combustível próximo a sua região, denuncie às autoridades ambientais competentes para que possam ser tomadas as medidas cabíveis. Merecemos um meio ambiente descontaminado e seguro. A conscientização, junto com ações coletivas, é fundamental para que garantir um futuro mais saudável.
Sobre o autor
Marcio Alberto é empresário desde os 13 anos de idade. Fundador e CEO da GeoInovações, também é mestre e doutor em Geociências e Meio Ambiente e especialista em Modelagem Matemática e inovação para gestão inteligente de recursos hídricos. Para saber mais sobre o assunto tratado no artigo, entre em contato através do e-mail [email protected].