Empresas de energias renováveis – solar e eólica – instaladas no Nordeste produzem mais do que a demanda da região. O excedente é lançado no sistema nacional. O feito deveria ser uma boa notícia, já que oferta maior do que consumo, em regra, puxaria o valor da conta de luz para baixo.
O benefício para o consumidor seria ainda mais importante nesse período, em que ondas de calor forçam usuários finais a manter o ar-condicionado ligado por muito mais tempo. Mas não é o que está acontecendo.
Em 2024, essas geradoras foram impedidas de produzir energia em toda a capacidade, sob o argumento de que poderiam estar elevando os riscos ao funcionamento do sistema elétrico.
Em setembro de 2023, O Otimista acompanhou o debate público em torno da gestão do Operador Nacional do Sistema (ONS) e dos supostos motivos que explicariam o apagão ocorrido em 15 de agosto daquele ano.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) disse à Agência Estado que o caso está na Justiça. “A discussão na Justiça opõe a Aneel e as empresas, que entendem que os consumidores de energia elétrica deveriam pagar por energia quando não precisam dessa energia. A Aneel entende que esse pleito não é razoável”, afirmou a Aneel à agência de notícias.
Vetos
Caso o Congresso derrube parte dos vetos do presidente Lula a artigos da lei que regulamenta as eólicas offshore (em alto mar), as empresas de energias eólica e solar podem sofrer ainda mais cortes em suas produções, segundo especialistas do setor elétrico.
Isso agravaria a pressão das geradoras de energia renovável para que o prejuízo dessas companhias seja arcado pelos consumidores que pagam a conta de luz.
Os vetos em questão tratam da contratação compulsória de térmicas a gás natural inflexíveis (que ficam ligadas mesmo quando não são necessárias) e a carvão, inseridas durante a tramitação do PL no Congresso. Lula vetou essas obrigações no início do ano, mas agora o governo precisará enfrentar pressões de parlamentares favoráveis aos artigos.
Caso as contratações se mantenham, a oferta de energia no país crescerá sem acompanhar a demanda. Com isso, na visão de alguns especialistas, o ONS precisará intensificar os cortes de geração renovável no Nordeste, que sofre lacunas de transmissão para o Sudeste – região que abriga a maior demanda por eletricidade no país.