O projeto da empresa espanhola deve gerar cerca de 1.500 empregos na construção e mais de 200 na operação (fases 1 e 2).
Executivos da empresa espanhola FRV, líder global em desenvolvimento de energia renovável, detalharam o projeto que a empresa pretende desenvolver no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), em reunião, nesta quarta-feira, com o governador Elmano Freitas. A FRV, que integra a Jameel Energy, é uma das seis empresas que já assinaram pré-contratos com o Governo do Ceará para a produção de hidrogênio verde (H2V) e seus derivados no estado.
Chamado de H2 Cumbuco, o projeto consiste na produção de amônia verde para exportação com foco nos mercados europeu e asiático. A empresa estima investimento de aproximadamente R$ 27 bilhões, além da geração de cerca de 1.500 empregos na construção e mais de 200 na operação – números correspondem às fases 1 e 2 do empreendimento. A capacidade estimada de produção é de 2GW em sua totalidade.
O projeto ainda não tinha sido anunciado por decisão estratégica da empresa, segundo informou o Governo do Ceará. Na oportunidade, também foi assinado um memorando de entendimento entre a FRV e a Utilitas Pecém, iniciativa da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e PB Construções voltada a oferecer para as indústrias soluções sustentáveis e inovadoras em infraestrutura e saneamento básico.
O governador Elmano Freitas destacou o impacto do empreendimento para o desenvolvimento socioeconômico do estado. “O Porto do Pecém é uma área de riqueza. Nós queremos ter desenvolvimento, mas também ter os cearenses crescendo à medida que o Porto do Pecém cresce. Fico muito animado com esse projeto da FRV, que é inovador”, afirmou Elmano de Freitas.
Outros Pré-contratos
Além da FRV, o Estado conta com outros cinco pré-contratos assinados, com as empresas AES, Casa dos Ventos, Fortescue, Cactus e Voltalia. Até o momento, também foram assinados 37 memorandos de entendimento com empresas brasileiras e internacionais.
O diretor de Inovação da FRV, Felipe Hernández, afirmou que a empresa está em um importante momento na estratégia de liderar a produção de combustíveis verdes.
“Estamos entusiasmados com o potencial deste projeto para fornecer soluções energéticas limpas e competitivas, ao mesmo tempo que apoiamos o desenvolvimento econômico e ambiental do Brasil”, explicou.
Manuel Pavon, diretor-geral da FRV América do Sul, reforçou que as características locais tornaram o projeto no Pecém uma prioridade, citando a localização estratégica do Porto do Pecém em relação aos mercados da Europa e da Ásia.
“O Ceará tem um recurso renovável muito importante, porque o maior recurso solar e eólico do Brasil fica no Nordeste. A localização do Porto do Pecém, principalmente em relação à Europa e Estados Unidos, é também estrategicamente muito importante. Também toda essa etapa [de desenvolvimento] foi elaborada pelo Governo do Estado com o Pecém, que iniciou com muita transparência”, pontuou.
H2 Cumbuco
A primeira fase do projeto contempla uma capacidade de 500 MW de eletrolisadores, produzindo 400 mil toneladas de amônia por ano com um investimento de R$ 7 bilhões.
Na segunda fase será acrescentada uma capacidade de 1,5 GW de eletrolisadores, aumentando a produção em 1.200.000 toneladas de amônia para atingir um total de 1.600.000 toneladas por ano. Esta fase exigirá um investimento adicional de R$ 20 bilhões.
O diretor-geral da FRV América do Sul , Manuel Pavon, informou que a construção deve ser iniciada em 2027, com operação prevista para 2029.
“Seguramente a gente deve começar em 2027 a construção. Isso demoraria em torno de dois a três anos. A operação começaria mais ou menos em 2029 e 2030”, concluiu. Em relação a empregos na fase de operação, estima-se 70 na fase 1, totalizando aproximadamente 150 no final da fase 2.
Para o presidente do Complexo do Pecém, Hugo Figueirêdo, a assinatura do pré-ccontrato com a FRV torna o Hub de Hidrogênio Verde mais forte e “faz do Ceará uma referência na transição energética mundial”, diz.
A produção, segundo a empresa, será realizada sob os rigorosos requisitos da regulamentação europeia e a um custo muito competitivo, com foco na viabilidade e sustentabilidade do projeto. O projeto utilizará energia renovável água de reuso, ou seja, águas residuais urbanas tratadas, reforçando seu caráter circular e sustentável.
Neuri Freitas, presidente da Cagece, avaliou que o memorando assinado entre FRV e Utilitas demonstra o compromisso com a economia verde.
“Essa água de reuso vai gerar uma economia circular e não vai competir com o abastecimento humano. Tivemos muitas tratativas anteriores a esse momento. É um passo muito importante para Utilitas, Cagece e economia do Ceará”, disse.
Saiba mais sobre a FRV
Fundada na Espanha, em 2006, a FRV é líder global em fornecer soluções de energia limpa e renovável em todo o mundo. Tem operação em quatro continentes, com mais de 50 plantas de geração de energia. A empresa tem 2 GW em operação, 1,5 GW em construção e 24 GW em desenvolvimento. Especificamente em relação ao hidrogênio verde, a FRV está desenvolvendo projetos no mundo que somam 6 GW.
*Com informações da Ascom Casa Civil – Ceará