No dia 21 de Junho, foram divulgados os dados do mês de Maio: crescimento do número de casas novas construídas disparou em 21,7% em comparação com o mês de Abril desse ano. Esse foi o maior aumento mensal das últimas 3 décadas e pegou todo o mercado de surpresa, pois com a taxa de juros muito elevadas se espera uma desaceleração no consumo e produção de bens e serviços como um todo. Porém, um dado revela a causa desse resultado explosivo que deixa a situação do FED ainda mais complicada.
Primeiramente, essa alta na demanda por casas novas é explicada pela baixa oferta de casas construídas à venda. E esse cenário foi provocado justamente por causa de juros elevados, eu explico. A demanda por casas (novas ou não) é regida principalmente pela demografia do país, a faixa hetária que mais faz aquisição de imóvel para moradia está entre os 25-40 anos e atualmente essa é a faixa hetária com mais pessoas nos EUA. Portanto, a demanda está aquecida.
Agora, em relação a oferta houve uma queda de construção muito forte na última década pós bolha imobiliária já que o mercado construi casas demais até e isso fez até mesmo a construção de casas ficar abaixo de um “ponto de equilíbrio”. No caso de imóveis habitados, não existe um interesse de proprietários fazer a venda pois eles estariam substituindo financiamentos de menos de 4% ao ano de quando adquiriram para o contexto atual de cerca de 7% ao ano para financiar o imóvel substituto.
Esse contexto de forte demanda demográfica e fraquíssima oferta tanto de casas novas como de casas já construídas criou uma pressão que o mercado saturou e acabou respondendo em um curto período. Por isso vimos tamanho crescimento em apenas um mês no mercado de construção americana. E como isso complica ainda mais o trabalho do FED?
Bom, por um lado o aumento da oferta de casas novas pode causar um respiro no preço de imóveis e redução de preços porém o mercado de construção tem um efeito de cauda gigantesco que aquece o emprego e consumo de diversas cadeias produtivas distintas de produtos e serviços que trarão um aquecimento econômico justo em um ano em que o FED busca reduzir a atividade econômica.
Portanto, se mesmo com tantos aumentos seguidos e fortes da taxa de juros o FED, comandado pelo presidente Jerome Powell, está tendo dificuldades de frear a atividade econômica, esse contexto sem dúvidas pode complicar ainda mais esse trabalho. A expectativa atual é de mais dois aumentos até o valor de 5,6% ao final de 2023 mas considerando esse fator e a situação fiscal da dívida americana eu acredito que não irão parar por aí.