Após o aumento de 5% na representação feminina nos cargos de alto escalão em 2021, houve uma diminuição de 1% na presença de mulheres em postos executivos de empresas brasileiras de médio porte, resultando em uma queda para 38% em 2022. Apesar disso, esse índice permanece 13 pontos percentuais acima dos 25% registrados em 2019. No ranking global do International Business Report da Grant Thornton, o Brasil agora ocupa o quarto lugar, ficando atrás da África do Sul (42%), Turquia e Malásia (40%) e Filipinas (39%), mas mantendo-se à frente da média da América Latina (35%) e global (32%).
Quanto aos cargos e setores específicos, a pesquisa revelou que 35% das posições de presidente executiva eram ocupadas por mulheres no Brasil, enquanto as lideranças financeiras representavam 47%. No caso dos cargos de liderança de operações, a presença feminina era de 28%, enquanto as mulheres detinham apenas 4% das posições de sócia do negócio.
Dentre as mais de 250 empresas brasileiras pesquisadas, 6% declararam não ter nenhuma mulher em cargos de liderança. Esse percentual é muito inferior aos 48% no Japão, 33% na Coreia do Sul e 22% na Grécia, destacando-se também abaixo das médias globais (10%) e da América Latina (11%). Vale ressaltar que em 2015, o índice atingiu seu pico no Brasil, alcançando 57%.
Em todos os outros cargos de alto escalão analisados, foi observada uma redução na presença feminina em comparação com 2021: em Recursos Humanos (40%), uma diminuição de 3 pontos percentuais; na Diretoria de Vendas (17%), uma queda de 8 pontos percentuais; na Tecnologia da Informação (CIO) (22%), uma diminuição de 1 ponto percentual; na área de Marketing (CMO) (36%), uma redução de 4 pontos percentuais; e na Controladoria (6%), uma diminuição de 3 pontos percentuais. As lideranças em Controladoria, Vendas e o cargo de sócia ficaram abaixo das médias globais registradas de 18%, 19% e 6%, respectivamente.
Segundo Élica Martins, sócia da Grant Thornton Brasil, o aumento da representação feminina em cargos de liderança no Brasil, intensificado em 2021, ocorre de maneira voluntária, sem depender de obrigações legais como observado em alguns países. Ela destaca que a ascensão das mulheres no mercado de trabalho foi impulsionada pela pandemia e acredita na sustentabilidade desse cenário de maior presença feminina no alto escalão a longo prazo.
Isso se baseia no fato de que 81% das empresas afirmaram estar criando um ambiente mais inclusivo para o talento feminino. Martins ressalta a maturidade das empresas que reconhecem essa diversidade como um diferencial que agrega valor aos seus negócios, indo além do cumprimento de leis ou regulamentos, pois reconhecem a diversidade dos consumidores.
De acordo com as empresas que participaram da pesquisa, os principais motivos para a implementação de suas políticas de inclusão incluem a atração de talentos em potencial (59%), a retenção dos talentos atuais (42%), a melhoria dos resultados de negócios por meio de equipes mais diversificadas (51%) e a formação da melhor equipe, independentemente da localização geográfica (42%).
Por fim, em relação aos aspectos avaliados pela organização em relação à diversidade e inclusão, 60% indicaram realizar medições referentes à igualdade salarial de gênero, enquanto 40% manifestaram preocupação com a percepção dos funcionários em relação à inclusão. Ainda é possível observar a baixa taxa de monitoramento em áreas como promoção das mulheres (34%), percentual de funcionárias (29%) e percentual de novas contratações femininas (38%). É importante destacar que essa tendência não é exclusiva do Brasil, uma vez que globalmente esses índices se situaram em 30%, 30% e 29%, respectivamente.
Melhores líderes
De acordo com uma pesquisa da FIA Business School, embora representem uma minoria, as mulheres são consideradas melhores gestoras, além de possuírem uma maior popularidade e confiança na opinião dos colaboradores.
Metade dos entrevistados em 2023 considera a gestão das CEOs como excelente, enquanto 43% dos funcionários atribuem a mesma avaliação aos CEOs. 79% expressa confiança total em suas CEOs, em contraste com o nível de confiança de 72% atribuído aos CEOs do sexo masculino.
84% dos colaboradores têm um maior conhecimento das CEOs mulheres, em comparação com os 79% que conhecem os homens ocupando essa posição. Esses dados destacam a persistência dos estereótipos de gênero, revelando que os funcionários percebem que as mulheres valorizam a proximidade 50% mais do que os homens, enquanto estes foram avaliados como mais conservadores e orientados para resultados.
A pesquisa conduzida pela FIA Business School examinou as respostas de mais de 150 mil funcionários de 150 grandes empresas brasileiras que foram reconhecidas com o selo Lugares Incríveis para Trabalhar 2023.