Parcelar eletrodomésticos em mais prestações. Postergar a compra de uma roupa ou calçado. Deixar o aniversário do filho ‘passar em branco’, sem grandes comemorações. Esses são alguns dos impactos da alta do preço dos alimentos no orçamento da manicure Dayane Marques da Silva, moradora do Serviluz, em Fortaleza.
“Tá tudo muito caro. O café tá horrível, e a gente não pode viver sem café. A gente compra uma marca que agora está R$ 14, então mudamos para uma marca mais baratinha. Tá tudo ‘um absurdo’, com R$ 50 não dá para fazer nada”, comenta.
Dayane e o marido, pais de um menino de dez anos, são autônomos e precisam lutar pela renda familiar diariamente. Ela aponta que o aumento do custo de vida tem impactado todas as famílias de sua comunidade.
“A gente tem que ter saúde para trabalhar. Porque se a gente não trabalhar, a gente não tem o que comer. Temos que ir para a rua, encarar a vida. Tem que ter dinheiro todo dia e priorizar, principalmente, os alimentos”, avalia.
A alta nos alimentos impacta intensamente a renda porque a alimentação é o item que tem maior peso nas despesas mensais. Em Fortaleza, os gastos com alimentos e bebidas representam quase 25% do orçamento familiar, segundo dados do IBGE.
O peso dos alimentos para as famílias fortalezenses é maior que na média nacional, que é de 21,6%. Em contrapartida, os fortalezenses gastam menos com despesas pessoais que a média brasileira.
Veja como é distribuído o orçamento das famílias de Fortaleza
Alimentação e bebidas |
24,48% |
6,72% |
Transporte |
19% |
4,17% |
Habitação |
16,2% |
-0,15% |
Saúde e cuidados pessoais |
13,5% |
5,16% |
Despesas pessoais |
7,5% |
4,87% |
Educação |
6,6% |
7,98% |
Vestuário |
4,8% |
1,91% |
Artigos de residência |
3,8% |
2,9% |
Comunicação |
3,7% |
3,52% |