O dólar à vista emplacou a quarta sessão consecutiva de queda no Brasil nesta última segunda-feira, se reaproximando dos R$ 5,50, numa sessão marcada pela baixa da moeda norte-americana também no exterior, em meio ao aumento da expectativa por um corte mais agressivo de juros nos EUA nesta semana e à divulgação de dados fracos sobre a economia chinesa.
O dólar à vista fechou em baixa de 1,01%, cotado a R$ 5,5111. Nos últimos quatro dias úteis, a moeda norte-americana acumulou queda de 2,55%.
Às 17h05, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,98%, a R$ 5,5190 na venda.
O Ibovespa fechou com uma alta discreta nesta segunda-feira, assegurada pelo avanço de Petrobras em dia de alta do petróleo no exterior, enquanto Embraer representou um peso negativo relevante, caindo mais de 5% após decepção com o desfecho de arbitragem com a Boeing.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com acréscimo de 0,18%, a 135.118,22 pontos, tendo alcançado 135.715,1 pontos na máxima e 134.869,97 pontos na mínima do dia.
O volume financeiro somou 15,78 bilhões de reais, abaixo da média diária de R$ 23,48 bilhões no ano e até da média reduzida de 18,65 bilhões de reais de setembro, com agentes em modo espera para as decisões de juros principalmente dos bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil na quarta-feira, 18.
O dólar no dia
No fim de semana, a China informou que sua produção industrial em agosto aumentou 4,5% em relação ao mesmo mês do ano anterior, o menor crescimento desde março. O número ficou abaixo da expectativa de crescimento de 4,8% em agosto, conforme pesquisa da Reuters com 37 analistas.
Já as vendas no varejo chinês subiram 2,1% em agosto, desacelerando ante o aumento de 2,7% em julho. Analistas esperavam que as vendas no varejo crescessem 2,5%.
Em outro dado do fim de semana, a China informou que os preços de imóveis novos caíram 5,3% em agosto até o mesmo mês do ano anterior — o ritmo mais rápido de queda em mais de nove anos.
Os números reforçaram a percepção de que a economia chinesa segue com dificuldades para reacelerar, o que impacta diretamente as divisas de exportadores de commodities, como o real brasileiro.
No exterior, a queda do dólar era quase generalizada ante as demais divisas, em um dia de baixa também para os rendimentos dos Treasuries, em meio à percepção de que o Federal Reserve poderá cortar os juros em 50 pontos-base na próxima quarta-feira, e não em apenas 25 pontos-base.
A expectativa por um corte de juros nos EUA, somada à perspectiva de elevação, precificada na curva a termo, de pelo menos 25 pontos-base da taxa básica Selic no Brasil, também na quarta-feira, pesava sobre a relação dólar/real.
“Com a possibilidade de um pequeno ciclo de alta dos juros no Brasil, enquanto nos Estados Unidos se aguarda o início do ciclo de cortes nas taxas, o real tem recuperado terreno perdido nos últimos dias”, pontuou no fim da tarde desta última segunda-feira André Galhardo, consultor econômico da plataforma de remessas internacionais Remessa Online, em comentário enviado a clientes.
Neste cenário, após registrar a cotação máxima de 5,5823 reais (+0,27%) às 9h53, o dólar à vista cedeu à mínima de 5,4980 reais (-1,25%) às 10h39. Depois disso, a divisa retornou para acima dos 5,50 reais, sem fôlego para se sustentar abaixo deste nível.
No exterior, no fim da tarde o dólar seguia em baixa ante a maior parte das divisas. Às 17h25, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,33%, a 100,690.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.
O dia do Ibovespa
Na visão do analista Lucas Queiroz, do Itaú BBA, trata-se de uma semana decisiva para a política monetária para ambos os países.
“De um lado, espera-se que o Federal Reserve (Fed) inicie o tão aguardado ciclo de corte de juros, enquanto por aqui, a expectativa é que o Banco Central eleve a taxa Selic”, afirmou, observando que as apostas dos investidores indicam que o rumo das decisões já está traçado.
No caso dos EUA, de acordo com a ferramenta FedWatch, da CME, os futuros dos Fed Funds embutiam no final da tarde uma chance de 63% de um corte de 0,50 ponto percentual e uma probabilidade de 37% de uma redução de 0,25 ponto sobre a taxa atual, entre 5,25% e 5,50%.
Em relação ao BC brasileiro, prevaleciam as apostas de um aumento de 0,25 ponto, com a curva dos contratos de DI precificando uma possibilidade de 89% de tal resultado, enquanto a chance para uma alta de 0,50 ponto era de 11%.
Amanhã, na quarta-feira, a decisão do Fed será conhecia às 15h (horário de Brasília), com o comunicado acompanhado de projeções da autoridade monetária, com o chair Jerome Powell falando às 15h30, enquanto, no Brasil, o BC anuncia o resultado da reunião de dois dias após o fechamento do mercado.