Não é novidade a discussão sobre a criação de um mercado de créditos de carbono. Na teoria, empresas capazes de ‘retirar’ gases estufa da atmosfera, através de seus processos produtivos, poderiam vender títulos às empresas que precisam compensar suas emissões. Na prática, esse mercado ainda está em seus primeiros passos no Brasil. Um marco aconteceu no ano passado, quando o CBio, o Crédito de Descarbonização do setor de biocombustíveis, se tornou um ativo financeiro.
O CBio faz parte da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), e se tornou um ativo financeiro em meados de 2023. Cada crédito representa uma tonelada de CO2 que deixou de ser emitida. Quem emite os CBios hoje são empresas produtoras de biocombustíveis, com base em sua produção de etanol ou biodiesel. Do outro lado, as distribuidoras de combustíveis são obrigadas a adquirir CBIOs de acordo com as metas estabelecidas pelo governo e o volume de gasolina e diesel vendido. Só entre essas companhias que são obrigadas a negociar CBios, esse mercado tem entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões.
Foi nesse cenário que Heloisa Baldin decidiu criar a Iwá, uma gestora de recursos. A casa foi responsável por lançar, neste ano, o primeiro fundo de investimentos em CBio do País. “A ideia de montar essa gestora era ter um player que pudesse ser uma plataforma de investimento em ativos ambientais”, afirma.
Apesar de o ativo financeiro ser novidade, Heloisa não é novata no setor. Economista por formação, ela iniciou sua carreira no setor de óleo de gás. Depois disso, passou a cobrir os setores de infraestrutura e energia. Mas os últimos cinco anos de sua carreira antes de criar a Iwá foram focados no trabalho com derivativos.
“Na hora de montar uma gestora, eu vi um overlap muito grande entre biocombustíveis, óleo e gás, infraestrutura, ativos verdes, energia, saneamento e tudo mais. Eu tinha essa expertise grande em derivativos e aproveitei. Acabou que as coisas se juntaram nessa oportunidade que se abriu como fato de o CBIO virar ativo financeiro. Então foi dessa forma que eu caí nesse lugar de agora”, conta ela.
Fonte: B3